Que tal um usado? Brechó e artigo de ‘segunda mão’ ganham escala no mundo

Mercado de varejo online de produtos usados deverá superar US$ 65 bilhões, um recorde para o setor, de acordo com pesquisa do site de comércio eletrônico Mercari

Economia da segunda mão ganha escala com gargalos logísticos
Por Carolynn Look e Katia Dmitrieva
09 de Novembro, 2021 | 04:16 PM

Bloomberg — Antes da pandemia, um carro novo quase sempre perdia valor no momento em que saía da concessionária. Essa obviedade da economia clássica não se sustenta mais.

O comprador de um Volkswagen Golf na Irlanda, por exemplo, poderia vender o modelo por um preço 15% maior, em média, em relação ao valor há um ano - e isso com 20 mil quilômetros extras. O mercado passa por um “período verdadeiramente único”, de acordo com Tom Gillespie, economista que analisou os números da DoneDeal, o maior marketplace de classificados da Irlanda.

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Os preços na Irlanda são particularmente altos porque o Brexit interferiu no fluxo regular de carros usados do Reino Unido, e há poucas alternativas para veículos com volante à direita na Europa. Mas a tendência pode ser vista em outros lugares diante da escassez e atrasos para muitos produtos novos: a economia de segunda mão tem se tornado predominante e não é mais apenas para os que gastam com moderação.

  

Neste ano, o mercado de varejo online de produtos usados deverá superar US$ 65 bilhões, um recorde para o setor, de acordo com pesquisa da Mercari, um site de comércio eletrônico. O relatório da Mercari mostrou que três em cada quatro pessoas entrevistadas disseram que provavelmente comprariam pelo menos um item de segunda mão na temporada de festas.

Na Miss Pixie’s Furnishings and Whatnot em Washington, as vendas aumentaram 30% nas últimas semanas - um aumento antes do período típico da demanda de Natal na loja de utensílios domésticos vintage.

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“Muitas pessoas dizem: ‘Não sei se o que eu queria comprar para alguém vai chegar a tempo’”, disse Pixie Windsor, proprietária da loja há 25 anos. Ela observa maior demanda não apenas para presentes como copos para coquetéis, decantadores e obras de arte, mas também para mesas e cadeiras que seriam usadas para as festas de fim de ano.

Na Alemanha, o número de visitantes da maior plataforma de classificados - usada principalmente para vender móveis e eletrônicos usados - registrou aumento de 20% em março em relação ao ano anterior, disse um porta-voz do eBay Kleinanzeigen.

A iniciativa de vender produtos mais sustentáveis tem ajudado principalmente empresas de roupas usadas, de acordo com a plataforma de e-commerce americana ThredUp, segundo a qual o segmento deve corresponder ao dobro do tamanho do mercado da chamada moda rápida, ou “fast fashion”, até 2030.

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Não é apenas a disponibilidade de plataformas digitais e motivos dos consumidores que mudaram: vender coisas se tornou uma necessidade financeira para muitas pessoas.

Uma pesquisa do eBay mostrou que quase 75% dos entrevistados nos EUA, Reino Unido, Canadá, Alemanha e França começaram a vender bens usados no ano passado como fonte de renda extra; 14% disseram que o fizeram especificamente porque perderam o emprego.

  

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