Pandemia rompe velhos hábitos, abre espaço para inovação

Muitos dados e anedotas apontam para um uso mais profundo da tecnologia em várias empresas, permitindo que elas aumentem de escala sem muito custo adicional

Lucros corporativos nos EUA cresceram 10,5% no segundo trimestre, para um recorde de US$ 2,8 trilhões
Por Craig Torres
09 de Novembro, 2021 | 05:01 PM

Bloomberg — Jon-Michial Carter era o maior cético em relação ao trabalho remoto quando um de seus gerentes sugeriu que testassem a ideia em 2019.

“Tínhamos uma área de 100.000 metros quadrados cheia de médicos que prestavam atendimento virtual remoto”, disse o fundador e presidente-executivo da ChartSpan, uma provedora de cuidados para doentes crônicos com sede em Greenville, Carolina do Sul. “Parecia inconcebível que pudéssemos mandá-los para casa.” Quando a Covid-19 chegou em 2020, foi o que a empresa fez. Como resultado direto, está ganhando mais dinheiro. Os funcionários dizem que estão mais felizes e os números mostram que estão mais produtivos.C

Mudanças similares e potencialmente sísmicas podem estar ocorrendo no mundo dos negócios.

A pandemia matou mais de 750.000 americanos e deixou milhões de desempregados. Mas algo além está acontecendo também. O choque forçou gerentes de todos os lugares a tentar fazer as coisas de maneira diferente, acelerando a inovação.

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Isso “abre a porta para essa novidade radical na forma como as empresas estão configuradas”, disse Jason Thomas, chefe de pesquisa global do Carlyle Group.

Como outros indicadores econômicos, a produtividade dos EUA -- uma medida de rendimento por hora que é fundamental para a prosperidade de longo prazo de empresas e trabalhadores -- ficou volátil na pandemia. Milhões de americanos mudaram para novos empregos e precisaram de tempo para se adaptarem.

A produtividade afundou no terceiro trimestre, à medida que a variante delta da Covid-19 limitou o crescimento logo após uma onda de contratações no verão. No início do ano, vinha crescendo a um ritmo bem acima da média da década anterior. É muito cedo para definir a tendência de longo prazo.

‘Os EUA por inteiro’

Ainda assim, muitos dados e anedotas apontam para um uso mais profundo da tecnologia em várias empresas, permitindo que elas aumentem de escala sem muito custo adicional.

Isso se refletiu nos lucros corporativos, que cresceram 10,5% no segundo trimestre, para um recorde de US$ 2,8 trilhões. Surpreendentemente, isso foi alcançado com menos pessoas trabalhando.

Companhias americanas tiveram mais lucros com menos funcionários durante a pandemia

Como a produtividade acontece e como medi-la são perguntas relevantes para as quais os economistas não têm boas respostas.

Novos equipamentos são um caminho para atingir esse objetivo, permitindo com que trabalhadores aumentem sua produtividade. Mas novas formas de organização corporativa podem ter o mesmo efeito.

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Foi o que aconteceu na ChartSpan, cuja localização no centro de Greenville foi um marco da pujante cultura de start-ups da cidade.

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Quando a pandemia chegou, a empresa não teve outra escolha a não ser trabalhar em casa, desenvolvendo um pequeno programa piloto de trabalho remoto. Os primeiros retornos surpreenderam os gerentes. Os funcionários estavam fazendo mais, com maior eficiência e flexibilidade, enquanto os resultados da empresa cresciam. “Nunca vimos números assim em nossa história”, disse Carter. “Nossa força de trabalho foi de Greenville, Carolina do Sul, para todo os EUA.”

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