O boom dos carros elétricos na China está alimentando uma guerra por talentos

Com o aumento da demanda por VEs e maior solidez de empresas como a Nio e a Xpeng, entrar em uma montadora chinesa agora é visto como um passo interessante na carreira

Os clientes fazem bolos e relaxam na Nio, em Xangai.
Por Bloomberg News
09 de Novembro, 2021 | 05:12 AM

O boom de veículos elétricos da China também está alimentando um boom de empregos e uma guerra por talentos.

Recentemente, conversei com dois amigos que estão saindo de empresas estrangeiras e indo trabalhar para fabricantes chineses de veículos elétricos, atraídos pela oportunidade de fazerem parte da próxima grande novidade, além dos altos salários.

Isso por si só é uma grande mudança em relação aos anos anteriores, quando um emprego em uma montadora estrangeira era visto como de maior prestígio e mais bem pago do que as empresas nacionais, especialmente porque fabricantes de veículos elétricos nacionais, como a Nio, não estava lá muito bem das pernas quando em sua fase de startup.

Mas com o aumento da demanda - a previsão é que as vendas de veículos elétricos mais que dobrem, para 3 milhões de unidades este ano, de acordo com a Associação de Fabricantes de Automóveis da China - e maior solidez de empresas como a Nio e a Xpeng, entrar em uma montadora chinesa agora é visto como um passo interessante na carreira.

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O número de empregos no setor de veículos movidos à nova energia aumentou 95% no primeiro semestre de 2021 em relação ao ano anterior, e o salário médio aumentou quase 10%, de acordo com a empresa de recrutamento Liepin. Especialistas em inteligência artificial, direção autônoma e design inteligente de cockpit são os mais procurados.

Uma chamada de emprego que está circulando nas redes sociais chinesas da titã de eletrônicos Xiaomi - que está investindo US$ 10 bilhões em projetos para começar a produzir veículos elétricos, e recentemente comprou a startup de direção autônoma Deepmotion - destaca como está o cenário de empregos no momento para os profissionais com as habilidades certas.

Uma amostra do contrato de trabalho de um engenheiro sênior na unidade automotiva da empresa oferece um salário anual de 600.000 yuans (US$ 93.600) - mais de cinco vezes a renda média da China - e cerca de 1 milhão de yuans em opções de ações. Embora um porta-voz da Xiaomi tenha se recusado a comentar os números, parece que está de acordo com o que ouvi de meus amigos que mudaram de emprego.

Uma delas, uma mulher na casa dos 40 anos, foi trabalhar para um fabricante chinês de veículos elétricos no início deste ano, depois de mais de uma década em uma montadora americana, onde ela imaginava ficar até a aposentadoria. Junto com melhores salários e opções de ações, fazer parte de uma cultura de trabalho mais dinâmica e ajudar a construir um futuro de sucesso para a empresa estão proporcionando muita satisfação no trabalho, mesmo com as horas extras que ela está fazendo, ela me disse.

Outro, um cara de quase 30 anos que está entrando para uma montadora chinesa estabelecida, dobrou seu salário com a mudança. Embora inicialmente relutante em mudar de emprego, ele também foi persuadido por assumir um cargo de maior responsabilidade e pelo potencial que a nova função traz.

A mudança também está ocorrendo na alta gerência, a chamada C-suite. Alain Visser, um veterano da General Motors e da Ford, agora dirige a Lynk & Co., que está tentando derrubar o modelo tradicional de propriedade de automóveis com um serviço de assinatura.

Questionado sobre a principal diferença entre seus antigos empregos e seu novo cargo na unidade da gigante automotiva chinesa Geely, Visser disse que era o ritmo da mudança e a rapidez com que as coisas eram feitas.

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“Ouso dizer, com todo o respeito pela Ford e pela General Motors, as coisas eram meio que sempre iguais”, disse ele. “A grande diferença na Geely para mim é a velocidade. É incrível.”

“A vontade de fazer as coisas acontecerem, eu nunca vi igual. O que leva meses para ser decidido em outras montadoras para as quais trabalhei leva dias na Geely. Eu acho que a velocidade aqui é insana. Acho que nunca poderia voltar à minha carreira anterior “, disse Visser.

Para os meus amigos, o sentimento é o mesmo - agregando uma fuga de cérebros como mais uma ameaça a ser enfrentada pelas fabricantes de automóveis tradicionais, à medida que a mudança para um futuro elétrico parece ser inevitável.


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