Gol acumula prejuízo de R$ 4,4 bi em 9 meses e aposta na retomada

Companhia aérea termina terceiro trimestre com patrimônio negativo de R$ 18,2 bilhões, mas espera recuperação na alta estação

Las aerolíneas brasileñas se parecen a las estadounidenses de hace una década, antes de que la recesión y los altos precios del combustible obligaran a la consolidación y a los recortes de costes, dijo Rob Pickels, analista y gestor de carteras de Manning & Napier. La industria brasileña pasará por un proceso similar que la dejará más sólida financieramente, dijo.
09 de Novembro, 2021 | 09:53 AM
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São Paulo — A Gol, uma das principais companhias aéreas do Brasil, divulgou, nesta terça-feira (9), um prejuízo de R$ 4,4 bilhões em nove meses do ano, sendo R$ 2,5 bilhões só no terceiro trimestre. O setor aéreo, mesmo ensaindo uma recuperação gradual após a reabertura da economia, foi um dos mais castigados pela pandemia da Covid-19.

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O resultado financeiro da Gol ilustra esse movimento. Nos nove meses do primeiro ano da crise sanitária, quando a frota foi impedida de voar, o prejuízo acumulado era bem maior: R$ 5,9 bilhões. A receita também já emite sinais de recuperação. De janeiro a setembro do ano passado, estava em R$ 4,480 bilhões. Um ano depois, atinge R$ 4,511 bilhões. A pandemia iniciou oficialmente no dia 11 de março do ano passado.

“O terceiro trimestre de 2021 foi caracterizado como um período de recuperação na atividade econômica global com o avanço na vacinação e redução no número de casos e óbitos devido à pandemia deflagrada pela Covid-19, o que afeta diretamente a demanda por passagens áreas nos mercados de lazer e corporativo”, disse a Gol, ao divulgar os dados.

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A companhia se declarou “incapaz de prever” a duração dos efeitos da pandemia e profundidade dos contínuos impactos causados pela pandemia sobre os negócios, resultados e geração de caixa futuros.

“Os impactos causados pela pandemia foram imediatos e severos à companhia, tendo como principal consequência a redução na malha operacional, em resposta à queda na demanda, a qual pode ser verificada pela redução na receita líquida e nas margens da companhia”, comentou.

Patrimônio negativo

O patrimônio líquido da Gol estava negativo em R$ 18,279 bilhões no fim de setembro. No fim de 2020, também estava negativo, mas em valor menor (R$ 14,407 bilhões). “A variação observada se dá principalmente devido aos impactos referentes à pandemia sobre as operações da companhia, principalmente, proveniente da variação cambial negativa decorrente da desvalorização do real”.

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Para sair do vermelho, a Gol espera que suas receitas cresçam durante o período de férias de verão e inverno, em janeiro e julho respectivamente, e nas duas últimas semanas de dezembro, durante a temporada de festividades de final de ano. “No atual contexto da pandemia, a recuperação do comportamento normalizado de demanda em períodos de alta temporada dependerá não somente da sazonalidade histórica entre os diferentes meses, como também da observação da redução na curva de casos e óbitos”, avaliou.

Lotar os aviões, em um contexto de aumento dos custos e de preços das passagens nas alturas, é o desafio atual da Gol para recuperar a lucratividade. “As operações da companhia são sensíveis ao cenário macroeconômico nacionale à volatilidade do real, dado que aproximadamente 96,1% do endividamento (empréstimos e financiamentos e arrendamentos) está negociado em dólar america ) e 36,3% do scustos também são atrelados à moeda americana, e sua capacidade de ajustar o preço das tarifas cobradas de seus clientes para recapturar a variação do dólar americano depende da capacidade racional (oferta) e comportamento dos concorrentes”, comentou.

53% do nível pré-pandemia

A Gol arrenda toda sua frota de aeronaves por meio de uma combinação de arrendamentos sem opção de compra. No fim do terceiro trimestre, a frota total era composta de 129 aeronaves. “Desde o início da pandemia, a Gol, por meio da readequação de sua malha aérea, manteve uma consistência de taxas de ocupação no patamar próximo a 80%, tendo atingido 81,4% no terceiro trimestre de 2021. O modelo de negócios flexível com base em um único tipo de frota é fundamental para acompanhar reduções de mais de 90% na demanda de passageiros observadas em períodos de lockdown e instalação de barreiras sanitárias”.

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As decolagens da Gol já cresceram 87,3% no terceiro trimestre, atingindo 53% dos níveis pré-pandêmicos em 2019. Isso foi possibilitado pelo aumento da taxa de vacinação. No terceiro trimestre, o Brasil atingiu o 4º lugar entre todos os países com mais vacinas administradas contra Covid-19, com aproximadamente 56% da população já totalmente vacinada, citou a companhia aérea, em comunicado à imprensa.

“Nesse trimestre colocamos em prática um conjunto de iniciativas estratégicas que fortalecem nossa posição de mercado, à medida que a demanda por viagens continua crescendo, a taxa de vacinação se expande e as fronteiras internacionais reabrem”, disse Paulo Kakinoff, diretor-presidente, no comunicado. “Vemos crescimento nas vendas até o final do ano, e estamos confiantes de que essa tendência continuará em 2022″, acrescentou.

Em resposta ao crescimento na demanda, a Gol informou que está expandindo sua malha aérea, retomando os destinos regionais e atendendo novos mercados com grande potencial de turismo doméstico, como a nova rota de Congonhas (SP) para Bonito (MS) a partir de dezembro.

Neste mês, a Gol retomará os voos para Montevidéu, Cancún e Punta Cana, e os voos para Buenos Aires, em dezembro. Por meio da parceria ampliada com a Avianca, a Gol agora oferece oito novos destinos internacionais por meio de Acordo de Interline: Aruba (AUA), Guatemala (GUA), Guayaquil (GYE), Quito (UIO), San José (SJO), San Juan (SJU), San Salvador (SAL) e Santo Domingo (SDQ). Em setembro, a Gol também assinou uma carta de intenções para expandir sua cooperação comercial por meio de um acordo de codeshare exclusivo com a American Airlines. A parceria terá duração de três anos.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.