São Paulo — A decretação da falência da Blue Tech Solutions EQI (ex-JB Duarte, centenária produtora de óleos vegetais), confirmada pela companhia à B3 na última sexta-feira (9), teve mais um capítulo, nesta terça-feira (9). Após a suspensão dos negócios com as ações da companhia, que considera equivocada a decisão judicial e tenta revertê-la, a defesa da empresa pediu à Bolsa para que seja autorizada a retomada de transações com seus papéis. Em consulta feita por Bloomberg Línea, a B3 explicou que “a negociação das ações da Blue Tech Solutions EQI retornará em caso de suspensão ou reversão da decisão de falência”.
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A última empresa a ter a negociação de sua ação suspensa por motivo de falência foi a MMX, mineradora do grupo EB, do empresário Eike Batista, em maio deste ano. Apesar de ser uma companhia de pequeno porte (patrimônio de R$ 58,673 milhões, no fim de junho), a Blue Tech Solutions desperta a atenção de 2.915 investidores pessoas físicas, 31 pessoas jurídicas e 19 investidores institucionais, que possuem suas ações em carteira, segundo dados da B3, referentes a 30 de abril deste ano. Existem atualmente cerca de 20 milhões de ações da Blue Tech em circulação no mercado, sendo a maioria (13,3 milhões) de preferenciais (sem direito a voto).
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A decisão da B3 de suspender os negócios com as ações da Blue Tech se baseia no artigo 82º do “Regulamento para Listagem de Emissores e Admissão à Negociação de Valores Mobiliários”, no qual diz que a negociação com ativos ou derivativos é suspensa pela B3 quando houver decretação de falência do emissor, entre outras situações.
Multinacional americana
Ontem, às 20h11, a Blue Tech publicou um novo comunicado ao mercado no sistema da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), intitulado “Reversão de Suspensão”, em que se dirige à B3 e ao superintendente de relação com empresas da B3, Fernando Soares Vieira, questionando a decisão de suspender suas ações no pregão após a confirmação da decisão judicial sobre falência e prometendo executar um plano de reestruturação, condicionado o seu sucesso ao retorno de suas ações ao pregão.
“Não se pode aceitar que uma companhia em pleno plano de restruturação seja impedida de exercer seu labor, alcançando as funções sociais da empresa em razão de uma decisão judicial cuja modificação, ainda nas instâncias ordinárias, é fato que se impõe. Outrossim, a situação apresentada impede inclusive uma futura e possível reabilitação do falido”, diz a defesa da companhia.
Ao argumentar sobre a necessidade de ter suas ações negociadas de novo, a Blue Tech informou que assinou um memorando de entendimentos para a aquisição de participação em uma multinacional norte-americana que opera na área de revestimentos industriais. A empresa diz que a participação no capital da multinacional, cujo nome não foi revelado, se dará de forma gradual e será comunicada à Justiça, a fim de que consiga reverter a falência.
Uma assembleia de acionistas da Blue Tech está prevista para hoje, a fim de discutir detalhes de seu plano de reestruturação. Enquanto isso, as ações foram excluídas do pregão pelo segundo dia consecutivo. Já as ações da MMX, que faliu em maio, nunca mais voltaram a ser negociadas na B3. Sua última cotação é de 19 de maio. Fechou a R$ 14, queda de 30,35%.
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