Bloomberg — O Bitcoin e o Ether atingiram recordes históricos em uma busca por criptomoedas que alguns analistas atribuíram em parte à procura por um hedge contra a inflação.
O Bitcoin, o maior token digital do mundo, saltou 3,6% para US$ 68.513, enquanto Ether teve um avanço mais modesto para cerca de US$ 4.840. O valor total dos tokens digitais rastreados pelo CoinGecko atingiu cerca de US$ 3,1 trilhões.
Tentar descobrir por que as moedas virtuais estão se recuperando costuma ser uma tarefa difícil, mas algumas teorias apontam para o apetite por ativos que podem gerar retornos mesmo quando a recuperação pós-pandemia segue atiçando a inflação.
O Bitcoin subiu mais de 130% este ano e o Ether cerca de 550%, embora para os críticos a volatilidade inerente aos tokens digitais prejudique suas alegações de ser uma reserva de valor.
Os hedges de inflação estão “em demanda, com liderança da criptografia”, escreveu Chris Weston, chefe de pesquisa da Pepperstone Financial Pty, em uma nota, acrescentando que “a criptografia é onde está o dinheiro rápido”.
Rendimentos reais recorde também podem estar alimentando o apetite por investimentos mais arriscados, levando alguns mercados a níveis perigosos. O Federal Reserve, em um relatório, alertou que os preços dos ativos são vulneráveis se o sentimento azedar. Ele também sinalizou perigos das stablecoins, um tipo de token que deveria ter um valor estável.
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O Bitcoin alcançou um recorde pela última vez em outubro, após o lançamento do primeiro fundo negociado em bolsa vinculado à criptomoeda para investidores dos EUA. A etapa marcante alimentou a narrativa de que as moedas virtuais estão ganhando maior aceitação popular, inclusive de investidores institucionais.
Impulso ‘final’
Ainda assim, a jornada tem sido volátil. O token caiu abaixo de US$ 30.000 em junho em meio a críticas ao seu consumo de energia e à repressão à criptomoeda da China.
“Este rompimento no Bitcoin pode sinalizar o início de uma flexão final para o quarto trimestre, antes que o mercado de criptografia mostre uma consolidação mais pronunciada no próximo ano”, disse a Fundstrat em um relatório de estratégia técnica na segunda-feira. “A força do Bitcoin, Ethereum e muitos outros altcoins parece provável nas próximas semanas.”
Outra teoria para o rali do Bitcoin é o aparentemente onipresente Elon Musk, o homem mais rico do mundo. Os seguidores de Musk no Twitter, em uma pesquisa que ele mesmo criou, votaram a favor da venda de 10% de sua participação na fabricante de carros elétricos Tesla.
Isso levanta a questão de o que ele pode fazer com os lucros. Musk disse anteriormente que gostaria de ver o sucesso do Bitcoin e que ele pessoalmente comprou Bitcoin, Ether e Dogecoin.
Benefícios reivindicados
Michael Saylor, presidente-executivo da MicroStrategy, mencionou os possíveis benefícios do Bitcoin em uma resposta ao tweet da pesquisa de Musk. A conversão do balanço patrimonial da Tesla em Bitcoin “proporcionaria diversificação, proteção contra a inflação e mais vantagens para todos os investidores de maneira eficiente em termos fiscais”, disse ele.
O mercado de ativos digitais, com pouco mais de uma década, quase quadruplicou em relação ao valor do final do ano de 2020.
Bitcoin à parte, mais pessoas estão sendo atraídas para a criptoeconomia por causa dos chamados serviços financeiros descentralizados, bem como tokens não fungíveis, que permitem coleções digitais como arte online.
Redes blockchain como Ethereum e Solana continuam a se atualizar para oferecer tal funcionalidade. O metaverso nascente - um ambiente online imersivo que cria uma realidade virtual - também surge como um playground de criptomoedas.
“Veremos correções ao longo do caminho, sem dúvida”, disse Vijay Ayyar, chefe da Ásia-Pacífico da corretora de cripto Luno, em Singapura. “Mas estamos em um ponto do ciclo em que há muito exagero sobre a classe de ativos e até que ponto ela terá um papel em todos os setores além do financeiro, como jogos, entretenimento, mídia social e arte.”
--Com a ajuda de Dave Liedtka
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