Bloomberg — As ações da Alphabet, controladora do Google, tiveram forte alta nesta segunda-feira (8) a ponto de levar seu valor de mercado para além da barreira dos US$ 2 trilhões pela primeira vez, impulsionada por uma recuperação nos gastos com anúncios digitais e crescimento em seus negócios em nuvem.
Suas ações classe A subiram até 1,2%, para um recorde, com as ações estendendo uma recente alta para uma quinta sessão. No final dos negócios, terminaram com ganho de 0,12% e o valor de mercado em US$ 1,98 trilhão.
As ações da Alphabet tiveram o melhor desempenho entre as cinco principais ações de tecnologia dos Estados Unidos neste ano, com um avanço de mais de 70% alimentado, em grande parte, pelo crescimento do negócio de publicidade do Google.
O aumento do preço das ações coloca a empresa em um clube exclusivo ao lado da Apple e da Microsoft, que também atingiu a marca de US$ 2 trilhões neste ano. A empresa mãe do Google atingiu US$ 1 trilhão em valor pela primeira vez em janeiro de 2020.
“É apenas um número, mas acho que demonstra que essas são empresas líderes”, disse Kim Forrest, fundadora e diretora de investimentos da Bokeh Capital Partners, em uma entrevista. “É realmente simples assim - que o mercado recompense seu crescimento e suas perspectivas de crescimento com grandes valuations.”
As ações da Alphabet são o papel com melhor desempenho deste ano entre as cinco maiores empresas de tecnologia dos EUA em vendas, e as tendências otimistas apontam para uma escalada ainda maior das ações por causa de seu valuation mais baixo e taxa de crescimento mais alta do que a maioria de seus pares de megacap.
O preço das ações da Alphabet era 24 vezes o valor da projeção dos lucros por ação, tornando-a mais barata do que a Amazon e a Microsoft, mas mais cara do que a Meta. O analista da RBC Capital Markets, Brad Erickson, disse que é possível argumentar que o otimismo do momento pode ter um papel nessa crescente do valor das ações da empresa, embora ele continue positivo em relação à Alphabet e tenha dito que ela “há motivos para ela estar disputada”.
A Alphabet é uma favorita quase unânime em Wall Street. Dos 49 analistas acompanhados pela Bloomberg que fazem cobertura desses papéis, todos, exceto um, recomendam a compra de ações da Alphabet. O preço-alvo médio de 12 meses para a ação é de US$ 3.321, o que sugere um retorno de 11% sobre o preço atual da ação.
“Dada a posição especialmente atraente atingida durante a Covid, o engajamento e a monetização sempre crescentes do YouTube e a marcha da plataforma de nuvem, GCP, em direção à lucratividade, vemos motivos sólidos para possuir o papel”, escreveu Erickson em uma nota de 26 de outubro, referindo-se ao Google Cloud Platform.
A Alphabet informou as vendas do terceiro trimestre em 26 de outubro, que superaram as estimativas dos analistas, refletindo os gastos robustos dos anunciantes. Os resultados da Alphabet foram “alguns dos mais impressionantes” vistos nos últimos anos em tempos de significativos ventos contrários, escreveu o analista Mark Mahaney da Evercore ISI, em uma nota.
Crescimento rápido
O Google foi fundado nos dormitórios da Universidade de Stanford em 1998, três anos depois que os cofundadores, Larry Page e Sergey Brin, se conheceram. Page e Brin contrataram o experiente executivo Eric Schmidt para transformar sua startup em um negócio mais maduro, em 2001. A empresa abriu o capital na bolsa Nasdaq em 19 de agosto de 2004, com ações cotadas a US$ 85, por uma valuation de US$ 23 bilhões.
Os anos seguintes foram marcados por um rápido crescimento do produto, com a aquisição do Android e do YouTube, e o desenvolvimento do Maps, Chrome e Google Cloud, uma linha de serviços empresariais. A empresa usou a maioria das plataformas adicionais para turbinar seu mecanismo de publicidade e, no processo, tornou-se o maior hub do mundo para anúncios digitais.
A Alphabet foi criada em 2015 para ser a empresa-mãe do Google - uma mudança que permitiu que Page e Brin reestruturassem o negócio. Projetos ambiciosos para o futuro, apelidados de “Outras Apostas”, incluindo a Waymo, a empresa de direção autônoma, foram organizados sob o guarda-chuva da Alphabet. Sundar Pichai, um executivo experiente, foi nomeado CEO do Google em 2015 e da Alphabet em 2019, depois que Page deixou o cargo.
A gestão de Pichai foi marcada por conflitos crescentes entre o Google e sua equipe, mas também por um rápido crescimento da receita e do lucro. Em 2020, apesar da pandemia da Covid-19 encolher o mercado publicitário, o Google gerou US$ 147 bilhões em receita publicitária.
Com a colaboração de Bailey Lipschultz e Tom Contiliano.
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