Hong Kong vira maior cliente da carne bovina do Brasil

Com restrições para vender à China, indústrias ampliam vendas para o território autônomo e aproveitam aquecimento econômico nos EUA para ganhar espaço no mercado americano

Território tornou-se principal destino das exportações de carne bovina do Brasil em outubro com as restrições nas vendas para a China
08 de Novembro, 2021 | 08:32 PM

Bloomberg Línea — A queda nas exportações brasileiras de carne bovina para a China em outubro mexeu no ranking dos principais destinos do produto nacional. Hong Kong, considerado um mercado à parte do ponto de vista comercial, apesar de ser um território autônomo chinês, tornou-se o maior cliente dos frigoríficos exportadores do Brasil.

No mês passado, as vendas ao território somaram 13,54 mil toneladas e lideraram. O volume representa uma queda de 23% em comparação ao mesmo período do ano passado, mas já é o segundo mês consecutivo de crescimento, desde que as exportações brasileiras para a China foram embargadas no dia 4 de setembro, por conta da confirmação de dois casos atípicos de ‘vaca louca’.

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Não é a primeira vez que Hong Kong ocupa o topo do ranking de destinos da carne brasileira. Em 2017, quando a China ainda iniciava a retomada das importações do Brasil, o território já figurava no lugar mais alto do ranking, com compras anuais superiores a 250 mil toneladas. Informalmente, dizia-se que o Brasil exportava para a China por meio de Hong Kong, dado o volume de compras realizadas todos os anos.

A ausência da China do mercado no mês passado também consolidou outro importante mercado como o segundo principal destino. Os Estados Unidos importaram 8,84 mil toneladas em outubro, volume mais do que duas vezes superior ao registrado no mesmo período do ano passado. De janeiro a outubro deste ano, o Brasil exportou para o mercado americano quase duas vezes e meia o volume embarcado em todo o ano de 2020.

O aumento das exportações do Brasil para os Estados Unidos cria uma situação, no mínimo, inusitada. Os grandes frigoríficos exportadores do Brasil também possuem operações locais. A JBS, por exemplo, é dona da Swift, enquanto a Marfrig controla a National Beef. Em certa medida, os frigoríficos concorrem com eles próprios.

Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.