Bloomberg — Pode ser que fique nas mãos de um júri decidir o valor do aplicativo de namoro Tinder no momento da fusão com o rival Match, o que gerou uma disputa judicial com o figurão da mídia, Barry Diller, por mais de US$ 2 bilhões em opções de ações.
A disputa, com julgamento previsto para começar nesta segunda em Nova York, começou com uma ação judicial estadual, em 2018, movida pelos cofundadores do Tinder, Sean Rad e Justin Mateen. Eles acusaram a Match e seu acionista controlador, a IAC, de Diller, de enganá-los ao fazer um valuation inferior da empresa, de US$ 3 bilhões, quando na verdade ela valia US$ 13 bilhões.
Embora o sistema de “deslizar para a direita” e “deslizar para a esquerda” do Tinder para escolher potenciais parceiros o tenha tornado um dos aplicativos móveis mais populares da última década, o processo revelou que a relação dentro das empresas que ajudaram a financiar seu desenvolvimento tinha desandado. IAC e Match disseram que Rad destruiu evidências e pagou ex-funcionários para apoiar seu processo. Rad os acusou de encobrir alegações de má conduta sexual do ex-CEO da Match, Greg Blatt, que entrou com um processo de difamação em separado.
A perspectiva de um resultado “imprevisível” do julgamento cria riscos para o Match, que concordou em arcar com a responsabilidade do IAC no caso, como informou Tom Claps, analista de litígios do Susequehanna Financial Group, em Nova York. Os autores da ação do Tinder estão pedindo mais de US$ 2 bilhões em danos, e a Match tinha cerca de US$ 236 milhões em dinheiro em 30 de junho, disse Claps.
Se Blatt, Diller e Rad testemunharem conforme o esperado, “é bem provável que o julgamento seja explosivo resultando em manchetes bem negativas para o IAC / MTCH, o que pode levá-los a considerar fortemente um pedido de acordo”, escreveu Claps em uma nota aos clientes. Isso provavelmente levará a um acordo de US$ 300 milhões a US$ 700 milhões antes que o júri chegue a um veredito, disse o analista.
“Deixar isso nas mãos de um júri é como um lance de dados” para o Match, disse Matthew Schettenhelm, um analista de litígios e de governo da Bloomberg Intelligence. “Com valores tão grandes em jogo, mesmo que potencialmente, pode ser que a empresa não queira correr esse risco.”
IAC e Match contrataram o conhecido advogado Bill Carmody, que ajudou o fundador da WeWork, Adam Neumann, a garantir um acordo de US$ 480 milhões com o SoftBank, enquanto os fundadores do Tinder são representados por Orin Snyder, que foi chamado certa vez pela The Verge de “o advogado mais sanguinário em julgamentos na área de tecnologia. "
Valuation Independente
Os demandantes, incluindo outros executivos do Tinder e funcionários que trabalharam na empresa logo no início de sua criação, dizem que receberam opções do IAC e do Match, em 2014, que lhes deram direito a mais de 20% da empresa. Como o Tinder não era negociado na bolsa na época, IAC e Match foram obrigados a contratar bancos de investimento para estimar seu valor em quatro datas específicas: maio de 2017, novembro de 2018, maio de 2020 e maio de 2021.
Segundo o processo, IAC e Match arquitetaram uma valuation para baixo, fornecendo informações falsas aos bancos e, em seguida, fundiram o Tinder com a Match poucas horas depois da primeira valuation, em 2017, rescindiram os contratos de opções e cancelaram as datas adicionais de pagamento .
“As evidências de como essas empresas corromperam a valuation do Tinder são chocantes”, disse Snyder, o advogado dos fundadores do Tinder. “Por mais de três anos, os réus tentaram todos os truques que conheciam para evitar um júri. Agora é a hora deles serem responsabilizados por sua má conduta. "
O Match não quis comentar. Nos autos dos processos judiciaisconsta que IAC e Match disseram que os bancos determinaram o valor do Tinder com base nas informações de ambos os lados e que os demandantes ganharam US$ 700 milhões quando exerceram suas opções, incluindo US$ 400 milhões para Rad. IAC e Match disseram que os ex-executivos do Tinder estão amargurados porque sacaram os seus ganhos cedo demais.
O caso é Rad v. IAC / InterActiveCorp, 654038/2018, Suprema Corte do Estado de Nova York (Manhattan).
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