BC autoriza Itaú a comprar fatia de 11,38% na XP em 2022

Impedido de comprar o controle da fintech, conglomerado bancário poderá exercer opção de compra de participação adicional no ano que vem

Para garantir a independência da XP e a concorrência no mercado brasileiro,  Banco Central proibiu, em 2018, o Itaú de tentar comprar controle da XP
08 de Novembro, 2021 | 12:34 PM

São Paulo — O Itaú Unibanco recebeu autorização do Banco Central para comprar cerca de 11,38% do capital social total da XP Inc. em 2022. Essa opção estava prevista no acordo assinado entre os dois grupos financeiros em 2017, quando o grupo Itaú comprou 49,9% da XP por R$ 6,3 bilhões.

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A operação de compra pelo Itaú de 49,9% da XP foi aprovada pelo BC em 2018, mas com restrições e limitações, a fim de preservar o ambiente de concorrência. Na época, o BC e as duas instituições assinaram um acordo que vetava o Itaú de adquirir o controle da XP no futuro.

Com dois assentos no conselho de administração da XP, as ações detidas pelo Itaú garantiram acesso aos bastidores da plataforma de investimentos, que adota um discurso críticos à atuação dos bancos tradicionais no mercado.

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Após a listagem da XP na Nasdaq em 2019 e oferta subsequente de ações no ano seguinte, o Itaú viu sua participação na XP ser diluída, enquanto a XP passou a ganhar força no mercado. O que era uma opção de compra de 12% em 2022 virou 11,38% devido à diluição da fatia com as ofertas nos EUA.

Impedido de comprar o controle da XP, o Itaú trata agora sua reduzida presença na estrutura acionária da XP como apenas um investimento. Neste ano, o conglomerado bancário concluiu a cisão de sua participação na fintech.

No comunicado de hoje, o Itaú diz que são necessárias, ainda, aprovações de órgãos reguladores no exterior para a concretização da aquisição de 11,38% da XP. “A consumação dessa operação está prevista para ocorrer em 2022, após a divulgação das demonstrações financeiras auditadas da XP Inc. referente ao exercício social encerrado em 31 de dezembro de 2021″.

Segundo a XP, os controladores do grupo Itaú ainda possuem cerca de 18% de seu capital total da XP por meio da Itaúsa e da Iupar (Itaú Unibanco Participações). O free float (ações em circulação) soma quase 49%. A XP Controle Participação tem 21,68%.

Governança

Ao comentar o resultado trimestral com jornalistas em videoconferência na quarta-feira passada (3), o CFO da XP, Bruno Constantino, foi questionado por Bloomberg Línea sobre um recente relatório do BTG Pactual que citava sua fala de que a XP melhorou a governança corporativa desde o IPO, mas ainda há avanços a ser feitos com a saída dos acionistas do Itaú após a cisão.

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Constantino detalhou à reportagem sobre que avanços são esses: “Primeiro, a XP aumentou o poder de voto de 55% para 68% aproximadamente. Com isso, você ganha mais alavancagem para fazer futuramente novas emissões, crescer etc. Isso é um ponto positivo, foi fruto dessa reordem. Segundo, o antigo acordo de acionistas não vale mais. Há um novo acordo valendo: vetos e uma série de direitos que existiam no acordo antigo deixaram de valer. Por exemplo, M&A, vetos que o Itaú possuía deixaram de existir. São esses os dois principais pontos de melhoria de governança”, disse.

Indagado sobre quais os próximos passos desse processo, o CFO respondeu: “Na prática, os controladores do Itaú têm aproxidamente 18% do capital total da XP. Não tenho como responder por eles”. O Itaú ainda não se manifestou oficialmente se vai ou quando vai exercer a opção de compra de participação adicional na XP em 2022, pois essa aquisição ainda depende de aprovações de reguladores no exterior.

Confira a cronologia da união e separação entre Itaú e XP

2017

  • 11/05 - Itaú anuncia acordo para comprar 49,9% da XP com opção de elevar para 75% (12,5% em 2020 e 12,5% em 2022)

2018

  • 10/8 - BC aprova entrada do Itaú na XP, mas Acordo em Controle de Concentração (ACC) veta Itaú de ter o controle

2019

  • 11/12 - XP estreia papéis na Nasdaq, fazendo a participação do Itaú ser diluída para 46% das ações da XP

2020

  • 2/12 - XP faz follow-on nos EUA. Na oferta, Itaú vende 5% e transfere 41% para nova holding, a Newco

2021

  • 31/1 - Itaú aprova cisão da sua participação na XP, criando uma nova companhia, a XPart, que recebe 40,5% da XP
  • 2/10 - Itaú aprova incorporação da XPart pela XP. Em troca, acionistas recebem ações ou BDRs (recibos) da XP
  • 4/10 - XP inicia negociação de BDRs na B3 e herda base acionária de 500 mil investidores do Itaú
  • 8/11 - Itaú diz que BC autorizou o grupo a comprar 11,38% da XP em 2022, data prevista no contrato de 2017

(Atualiza às 14h05 com comentários de CFO)

Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.