Bloomberg Línea — A mesa de Natal deste ano pode ficar mais nacional do que estrangeira, pelo menos do ponto de vista dos vinhos. A produção mundial da bebida neste ano pode ser a menor em mais de 20 anos e oscilar entre 24,7 bilhões e 25,3 bilhões de litros. Na melhor das hipóteses, a queda será de 3,44%, mas pode se aproximar de 6% no cenário mais pessimista.
Para a Organização Internacional de Videiras e Vinhos (OIV), que consolida os dados de 28 países produtores, a queda na oferta mundial decorre das condições climáticas desfavoráveis nos principais países produtores, em especial na Europa. Na União Europeia, a oferta será de 14,5 bilhões de litros, volume 13% menor do que em 2020. Além disso, as condições das lavouras se mostram bastante heterogêneas por conta do clima, o que pode gerar reflexos na qualidade do produto final.
Os três maiores produtores do mundo (Itália, Espanha e França), que representam cerca de 45% da oferta mundial, sofreram com os efeitos do clima. Geadas tardias atingiram as videiras no início de abril, principalmente na França. O país ainda sofreu com chuvas de verão, tempestades de granizo e doenças provocadas por fungos, que fizeram a produção encolher 27%, o que representa 1,25 bilhão de litros a menos neste ano.
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A queda na produção francesa foi tão acentuada que o país perdeu o posto de segundo maior produtor mundial para a Espanha. Mesmo com uma queda de 14%, os espanhóis vão produzir neste ano 3,5 bilhões de litros de vinho, pouco acima dos 3,42 bilhões da produção francesa.
Apesar dos efeitos negativos do clima sobre alguns países europeus, outras regiões da Europa tiveram um cenário positivo. Portugal deve produzir um volume recorde neste ano, a Alemanha terá um incremento de 5% em sua oferta e a Romênia terá um aumento de quase 40% em sua oferta.
Com todas as dificuldades vividas pelos produtores europeus, o Natal deste ano tende a ser regado a vinhos nacionais. Segundo a OIV, a oferta nacional será de 360 milhões de litros neste ano, 57% a mais do que o volume produzido no ano passado e o maior desde 2008.
O clima se mostrou favorável não apenas às lavouras brasileiras, mas de toda a América do Sul. O Chile, maior produtor da região, vai aumentar sua produção em 30% e ter o maior volume das últimas duas décadas, enquanto a Argentina terá um incremento de 16%, após um ano de 2020 prejudicado pelo clima.
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