Vai faltar vinho importado no Natal?

Produção mundial pode ser a menor em mais de duas décadas, vinhos nacionais podem ganhar espaço com a ausência dos estrangeiros

Oferta francesa será quase 30% menor por conta de geadas tardias, chuvas de verão e tempestades de granizo que acabaram prejudicando a produção do país, que caiu da segunda para terceira posição no ranking global
05 de Novembro, 2021 | 06:36 PM

Bloomberg Línea — A mesa de Natal deste ano pode ficar mais nacional do que estrangeira, pelo menos do ponto de vista dos vinhos. A produção mundial da bebida neste ano pode ser a menor em mais de 20 anos e oscilar entre 24,7 bilhões e 25,3 bilhões de litros. Na melhor das hipóteses, a queda será de 3,44%, mas pode se aproximar de 6% no cenário mais pessimista.

Para a Organização Internacional de Videiras e Vinhos (OIV), que consolida os dados de 28 países produtores, a queda na oferta mundial decorre das condições climáticas desfavoráveis nos principais países produtores, em especial na Europa. Na União Europeia, a oferta será de 14,5 bilhões de litros, volume 13% menor do que em 2020. Além disso, as condições das lavouras se mostram bastante heterogêneas por conta do clima, o que pode gerar reflexos na qualidade do produto final.

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Os três maiores produtores do mundo (Itália, Espanha e França), que representam cerca de 45% da oferta mundial, sofreram com os efeitos do clima. Geadas tardias atingiram as videiras no início de abril, principalmente na França. O país ainda sofreu com chuvas de verão, tempestades de granizo e doenças provocadas por fungos, que fizeram a produção encolher 27%, o que representa 1,25 bilhão de litros a menos neste ano.

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A queda na produção francesa foi tão acentuada que o país perdeu o posto de segundo maior produtor mundial para a Espanha. Mesmo com uma queda de 14%, os espanhóis vão produzir neste ano 3,5 bilhões de litros de vinho, pouco acima dos 3,42 bilhões da produção francesa.

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Apesar dos efeitos negativos do clima sobre alguns países europeus, outras regiões da Europa tiveram um cenário positivo. Portugal deve produzir um volume recorde neste ano, a Alemanha terá um incremento de 5% em sua oferta e a Romênia terá um aumento de quase 40% em sua oferta.

Com todas as dificuldades vividas pelos produtores europeus, o Natal deste ano tende a ser regado a vinhos nacionais. Segundo a OIV, a oferta nacional será de 360 milhões de litros neste ano, 57% a mais do que o volume produzido no ano passado e o maior desde 2008.

O clima se mostrou favorável não apenas às lavouras brasileiras, mas de toda a América do Sul. O Chile, maior produtor da região, vai aumentar sua produção em 30% e ter o maior volume das últimas duas décadas, enquanto a Argentina terá um incremento de 16%, após um ano de 2020 prejudicado pelo clima.

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Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.