Reajuste médio de medicamentos pode atingir 9% em 2022, diz Pague Menos

Aumento de preços deve entrar em vigor no dia 1º de abril; CFO da companhia fala do aumento de margem de lucro, novas lojas e vendas digitais

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São Paulo — Previsto para o dia 1º de abril de 2022, o próximo reajuste médio dos medicamentos poderá atingir 9%, acima do percentual aplicado no mesmo mês deste ano (7,5%). Essa estimativa considera as projeções de bancos para a variação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acumulada em 12 meses, até março do ano que vem.

O índice que mede a inflação oficial do Brasil, apurado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), compõe a fórmula de cálculo do ajuste dos preços dos remédios, a ser autorizado pela CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos), órgão interministerial responsável pela regulação econômica desse setor.

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“A fórmula da CMED leva consideração a inflação, o dólar, a produtividade. Há vários componentes. Dá para ter uma ideia. Ele (porcentual do reajuste) tem andado muito em linha com o IPCA. A expectativa é essa”, diz o CFO da rede de farmácias Pague Menos, Luiz Novais, em entrevista à Bloomberg Línea.

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O último dado divulgado pelo IBGE foi de um IPCA acumulado em 12 meses de 10,2%, até setembro deste ano, quando a inflação oficial foi de 1,16%, a maior taxa para esse mês desde o início do Plano Real, em 1994. Foi a primeira vez em mais de cinco anos que a taxa anual atingiu dois dígitos, puxada pela alta de 6,47% da conta de energia elétrica.

“Pelas curvas que a gente recebe dos bancos, o IPCA está próximo de 8% a 9% em 12 meses, até março de 2022”, diz Novais, em referência às projeções dos economistas para o comportamento futuro do índice.

O último boletim semanal Focus, divulgado pelo Banco Central na última segunda-feira (1º) com as expectativas de mercado, aponta uma mediana para a variação de IPCA de 9,17% em 2021, de 4,55% em 2022, 3,27% em 2023 e de 3,07% em 2024.

O acompanhamento desse índice é importante para os analistas que cobrem a Pague Menos porque indica o impacto do futuro reajuste em seu resultado financeiro do segundo trimestre, já que ocorre em abril.

No segundo trimestre deste ano, a companhia teve uma expansão de margem bruta em 1,6 ponto percentual na comparação com igual período do ano passado em parte por causa do impacto positivo do reajuste de preços, além das melhorias operacionais (como melhor negociação com fornecedores e menor ruptura de estoques).

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Terceiro trimestre

Ontem (4), a Pague Menos divulgou um lucro de R$ 35,6 milhões, uma queda de 11,4% em relação a igual período do ano passado (R$ 40,2 milhões). A redução foi atribuída à variação no imposto de renda e contribuição social. “Expurgando o efeito da capitalização de custos do IPO incorridos no terceiro trimestre de 2020, que reduziram a base de cálculo do imposto de renda, o lucro líquido do terceiro trimestre de 2021 teria apresentado crescimento de 21,7%”, explicou a companhia. Em nove meses, a companhia acumula um lucro de R$ 150,6 milhões, aumento de 157,4%

As ações da companhia atingiram hoje (5) uma máxima de R$ 10,21, alta de 4,37%. Por volta das 16h, estavam em alta de 1,23%, a R$ 9,90. A máxima do papel em 12 meses é de R$ 13,75, enquanto a mínima é de R$ 7,83.

O CFO da companhia destacou o aumento da margem bruta de 28,6% para 29,6% em 12 meses, além da redução de 45,3% do índice de ruptura de estoques e aumento de 17,8% no sortimento médio por loja no mesmo período.

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É um movimento muito positivo para a gente”, avalia Novais, acrescentando o fato de a companhia ter mantido o mesmo patamar de despesas dos trimestres anteriores diante das pressões inflacionárias e do impacto da retomada das inaugurações de lojas.

Ele manteve o guidance (projeção oficial) de abertura de 80 lojas em 2021 e de 120 em 2022. O terceiro trimestre marcou a retomada das inaugurações, que devem continuar nos próximos trimestres. Novais afirma que as novas lojas (32 já inauguradas até o fim de setembro e quase 20 em outubro) levam de cinco a seis meses para contribuir positivamente com a geração de caixa (Ebitda) da companhia. “A performance das inaugurações está num patamar melhor do que a gente planejou”.

De julho a setembro, a companhia registrou um crescimento de “market share” nas duas principais regiões de atuação, de 0,5 ponto percentual no Nordeste e 0,6 ponto percentual no Norte.

Com 1.126 lojas espalhadas pelo Brasil, a Pague Menos terminou o trimestre com 5,7% do mercado nacional de farmácias, sendo 19,7% no Nordeste e 10,7% no Norte. No Centro Oeste, foi de 4,5% (terceiro trimestre de 2020) para 4,6%. No Sudeste, caiu de 1,6% para 1,5%. No Sul, manteve 1,2%.

Canais digitais

A participação das vendas digitais na receita total da companhia deve alcançar dois dígitos no ano que vem, segundo Novais. Esse indicador encerrou o terceiro trimestre em 8,5%. Equipes de desenvolvedores, segundo o CFO, estão trabalhando em projetos para melhorar a experiência de compra dos consumidores nos canais digitais, como o seu recém-lançado aplicativo.

Essa expectativa de maior receita com as operações digitais também considera a integração da Extrafarma, que a Pague Menos ainda aguarda concluir o negócio no primeiro trimestre de 2022, após receber a aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). A transação de R$ 700 milhões foi anunciada em maio e, após ser consumada, deve criar a segunda maior varejista de drogarias do país, atrás apenas da RD, dona das bandeiras Drogasil e Droga Raia. Atualmente, a Pague Menos é a terceira maior cadeia de farmácias.

O CFO conta que, por enquanto, a companhia só pode planejar a integração de suas operações com a Extrafarma, mas que a ideia é capturar sinergias logo no dia seguinte à notícia da aprovação do negócio pelo Cade. “A gente vê um futuro de curto e médio prazo muito positivo”, conclui Novais.

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