XP dribla turbulência e tem lucro de R$ 1 bi pelo 2º trimestre seguido

Plataforma de investimentos se adapta ao novo cenário macroeconômico e impulsiona receita com varejo e renda fixa

XP iniciou negociação de BDR (certificados que representam ações de empresas listadas no exterior) na B3 no último dia 4 de outubro. Acionistas do Itaú Unibanco receberam esses BDRs. Hoje controladores do Itaú possuem cerca de 18% do capital total da XP
03 de Novembro, 2021 | 07:09 PM

São Paulo — A XP anunciou, nesta quarta-feira (3), um lucro bilionário pelo 2º trimestre consecutivo, driblando a piora das condições do mercado de capitais e turbulências neste semestre. A plataforma de investimentos lucrou R$ 1,039 bilhão entre julho e setembro, acima do R$ 1,034 bilhão de abril a junho.

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Com esse resultado, a companhia segue no grupo de instituições financeiras com divulgação de lucro bilionário no período. Há uma semana, o banco Santander Brasil reportou um lucro de R$ 4,3 bilhões no 3º trimestre. Hoje à noite sai o resultado do Itaú. Amanhã é a vez do Bradesco (confira calendário).

Ao comentar hoje os números em videoconferência com jornalistas, a XP repetiu o discurso otimista do último encontro, em agosto, sobre o 2º trimestre, enfatizando sua capacidade de adaptação, mesmo no ambiente de aperto monetário e volatilidade elevada nos mercados de ações, câmbio e juros.

A alta da taxa Selic, que saiu de 2,75% em março para os atuais 7,75% ao ano, já fez o mercado piorar projeções para o PIB, ver o juro na casa dos dois dígitos e até temer recessão diante das preocupações fiscais, crise hídrica, inflação, incertezas sobre as eleições gerais de 2022 e desaceleração chinesa.

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“Apesar do cenário mais desafiador, com taxas de juros subindo no Brasil, esperamos continuar vendo um crescimento saudável em nossos principais KPIs, por conta de nosso modelo de negócios diversificado e de uma indústria financeira ainda altamente concentrada”, diz Bruno Constantino, CFO da XP.

Renda fixa

A plataforma digital divulgou que sua receita de varejo cresceu 53% em 12 meses, totalizando R$ 2,6 bilhões no 3º trimestre. A alta da taxa Selic ajudou no resultado, pois houve um aumento de demanda por produtos de renda fixa e um arrefecimento de volumes de futuros e equities.

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A receita bruta cresceu 50%, atingindo R$ 3,4 bilhões entre julho e setembro, na comparação anual. “O aumento foi impulsionado pelo crescimento do negócio de varejo, que contribuiu com 80% do crescimento ano contra ano, enquanto mercado de capitais contribuiu com 10%”, comentou a XP.

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A plataforma registrou, no entanto, uma queda de 1,5% na média de negociações diárias no varejo (DATs, na sigla em inglês), passando de 2,7 a 2,6 milhões, na comparação sequencial (2º e 3º trimestre), mas o consequente impacto disso na receita de renda variável foi compensado.

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Segundo a XP, isso ocorreu devido à “performance positiva de linhas de receita diretamente beneficiadas por maiores taxas de juros, como renda fixa, floating e juros sobre caixa próprio, nos últimos dois trimestres”. Desde o 1º trimestre, a plataforma observa redução no volume de DATs.

“Além da crescente contribuição de receitas bancárias, basicamente margem financeira e taxas de intercâmbio, nosso crescimento resiliente de receita também mostra como nosso negócio tem se adaptado a diferentes ciclos econômicos”, acrescentou.

Inadimplência

Questionado por Bloomberg Línea sobre como a XP está vendo o aumento da inadimplência e das provisões, observado nos resultados trimestrais de bancos como PAN e Santander, o CFO respondeu que a inadimplência da carteira de crédito da XP (atraso superior a 90 dias) é praticamente zero.

Esta é a beleza do nosso crédito ser colateralizado [devedor oferece garantia]: inadimplência zero. É colateralizado com os investimentos na nossa plataforma. A gente tem também o benefício de ser um novo entrante. Isso é algo recente na história da XP, esse mundo de crédito, de cartão de crédito”.

Ele acrescentou que a carteira de crédito da XP somava R$ 8,6 bilhões no fim de setembro, um aumento de seis vezes na comparação ano contra ano. “É zero de inadimplência, é zero ponto um se você quiser pegar o que tem de provisão lá. É irrelevante”, citou.

O “duration” (prazo médio para recebimento) da carteira da XP é de 3,3 anos. Constantino reforçou a mensagem de que o ecossistema criado pela plataforma, com uma oferta diversificada de produtos, forte canal de distribuição e foco na experiência do cliente, explica a resiliência da XP.

“Quem acha que se renda variável vai mal, o nosso resultado também deveria ir mal, aí pode ser falha nossa de comunicação, mas isso não corresponde à realidade”, comentou o CFO.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.