Bloomberg — Operadores apostam que o Federal Reserve será obrigado a aumentar os juros mais rápido do que o esperado e depois parar rapidamente. Podem estar errados em ambos os casos.
O mercado aguarda o anúncio da redução gradual das compras de títulos pelo Fed nesta quarta-feira. Os swaps de taxas de juros atrelados às datas das reuniões do Fed mostram uma boa chance de o primeiro aumento ocorrer em julho, com cerca de 22 pontos-base precificados, e aproximadamente meio ponto percentual de aperto chegando até o final de 2022. Mas as probabilidades também apontam que o Fed pode não conseguir elevar os juros acima de 1,6% ao longo de todo o ciclo, bem abaixo das projeções do banco central americano de uma taxa neutra de 2,5%.
Alguns investidores e ex-representantes do Fed não têm tanta certeza. Krishna Guha, vice-presidente da Evercore ISI, que foi assessor de William Dudley quando ele comandava o Fed de Nova York, diz que o mercado de juros está equivocado de ambos os lados, especialmente com os índices acionários dos EUA perto de níveis recordes. Stephen Jen, CEO da Eurizon SLJ Capital, vai ainda mais longe, dizendo que a projeção muito baixa do mercado para o pico da taxa básica é “ridícula”.
Embora o cenário dos mercados de juros pareça sinalizar “temor de que os bancos centrais estejam encurralados e sejam levados a erros no aperto da política que acabem enfraquecendo a economia, isso é difícil de conciliar com a força das ações e do crédito”, escreveu Guha em nota com Peter Williams em 1º de novembro.
Mais tarde e mais rápido
De fato, operadores pareciam nervosos com o posicionamento de maior aperto monetário na terça-feira, com a forte queda do rendimento dos títulos do Tesouro de dois anos.
“Provavelmente haverá mais aumentos do que vimos anteriormente mas, em relação à precificação do mercado, nosso viés é um pouco mais adiante, um pouco mais rápido e um pouco mais longe”, escreveram Guha e Williams. Eles preveem que o primeiro aumento dos juros ocorrerá em dezembro de 2022.
O presidente do Fed, Jerome Powell, reconheceu recentemente que há “claramente” riscos de alta para a inflação, mas manteve o argumento de que as pressões de preços devem diminuir com a solução dos gargalos das cadeias de suprimento. Ele também afirmou que as compras de títulos do banco central serão encerradas até meados de 2022.
Muitos duvidam da convicção do mercado de que o aperto do Fed irá prejudicar a recuperação, como está implícito pelo baixo valor terminal no mercado a termo e o recente achatamento da curva de juros.
‘Muito pessimista’
O jogo de adivinhação sobre o aumento dos juros pelo Fed chega em meio à onda de aperto monetário de outros bancos centrais. Isso ajudou a empurrar algumas partes da curva de juros dos Treasuries para o nível mais estreito desde março de 2020.
O presidente do banco central da Austrália, Philip Lowe, abandonou a meta de 0,1% para o rendimento dos títulos na terça-feira, dando o tom para bancos centrais no mundo todo com dificuldade para convencer operadores e consumidores de que não vão deixar a inflação sair do controle.
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