Inflação significa comprar menos coisas que queremos

À medida que as pessoas gastam mais dinheiro nas coisas de que precisam, sobra menos para as coisas que desejam, como um novo par de sapatos, uma viagem ou um jantar fora.

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Bloomberg Opinion — Simon Wolfson colocou o setor de consumo em alerta.

O CEO da varejista britânica Next alertou que os aumentos de preços de bens essenciais, como combustível, podem moderar a demanda por compras mais pessoais. Alguns exemplos são as compras de moda, marcas de alimentos de renome e aquele pedido de delivery no meio da semana.

Vale a pena escutarmos. Há enormes evidências de que varejistas e empresas de bens de consumo estão prestes a ver o crescimento de suas vendas desacelerar à medida que a inflação diminui o poder de compra de seus clientes. A onda de compras pós-lockdown está chegando ao fim.

Primeiro, o quadro da demanda: a Next afirmou que, embora as vendas sem descontos nas últimas cinco semanas tenham sido melhores que o esperado, o crescimento das vendas desacelerou, já que o efeito da demanda reprimida começou a diminuir. A empresa espera que a desaceleração continue, embora tenha deixado sua previsão de lucro antes de impostos para o ano inteiro em 800 milhões de libras (US$ 1,1 bilhão).

Então, a oferta: a disponibilidade do estoque melhorou, mas continua sendo uma dor de cabeça com os atrasos no envio agravados pela escassez de mão de obra nas redes de transporte e armazenamento do Reino Unido.

Mas a maior preocupação, como sinaliza Wolfson, é a inflação.

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Os preços dos combustíveis estão subindo e o efeito pode ter sido agravado pela compra a granel em setembro. Os preços dos alimentos também estão aumentando. À medida que as pessoas gastam mais dinheiro nas coisas de que precisam, sobra menos para as coisas que desejam, como um novo par de sapatos, uma viagem ou um jantar fora.

As finanças das famílias ainda estão em boa forma. Também é provável que os consumidores no Reino Unido e nos Estados Unidos façam tudo para comemorar o Natal, já que perderam as festividades no ano passado. Enquanto isso, considerando os baixos níveis de estoque no setor de varejo, as pechinchas provavelmente serão escassas, o que significa que as pessoas acabarão gastando mais.

No entanto, 2022 pode ser especialmente difícil. O ponto crítico chegará no ano novo, que é sempre um momento complicado para o setor de consumo, quando as contas do cartão de crédito chegam.

Não só os preços dos combustíveis e dos alimentos mais altos começarão a nos afetar, como, até lá, os EUA podem começar a passar pelo primeiro aumento nas taxas de juros desde 2018. Embora as taxas de hipotecas continuem próximas de mínimas históricas e cerca de 80% dos empréstimos pendentes sejam a taxas fixas, o aumento das taxas inevitavelmente terá impactos negativos. Pode haver um efeito psicológico também, à medida que os consumidores se ajustam novamente aos custos de empréstimos mais altos.

Embora o aumento dos salários possa ajudar – os salários ainda estão subindo ante a inflação – o panorama geral parece possivelmente ser de gastos menores. Essa é uma preocupação para grupos de bens de consumo que tentam impulsionar aumentos de preços e também para varejistas como a Next e sua rival Marks and Spencer Group.

As lojas e marcas que atendem aos muito ricos devem conseguir resistir às pressões, ao passo que a área do mercado que aprecia as pechinhas pode ser impulsionada com descontos. As empresas intermediárias é que devem se preparar para os empecilhos à frente.

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial ou da Bloomberg LP e de seus proprietários.

Andrea Felsted é colunista da Bloomberg Opinion e escreve sobre os setores de varejo e bens de consumo. Anteriormente, escrevia para o Financial Times.