Mercados externos operam voláteis enquanto olham bancos centrais e dados macro

Após recordes de alta, os mercados acionários europeus e os futuros do índice de Nova York abrem com pequenas perdas, mas alguns indicadores já mudam de rumo

As variáveis que orientarão os mercados internacionais
02 de Novembro, 2021 | 08:59 AM

Barcelona, Espanha — Depois de várias bolsas mundiais superarem máximos históricos, os mercados internacionais indicam que talvez tenha chegado o momento de pisar no freio. Em uma semana de expectativas por decisões de política monetária, sobretudo a do Federal Reserve (Fed), as preocupações com o rebote inflacionário voltam à cena.

A safra de balanços corporativos, que tanta alegria deu ao mercado, está minguando e as variáveis macroeconômicas ganham destaque. O aumento nos contágios na China pela Covid-19, que levou o governo a fechar várias escolas, também adiciona incertezas aos negócios. O governo chinês também recomendou à população estocar alimentos para o inverno, no caso de haver escassez em virtude dos problemas nas cadeias de abastecimento. As vendas de ações predominaram nos mercados asiáticos.

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Na abertura, as principais bolsas europeias exibiam queda, no mesmo passo que os futuros de índice em Nova York, que vinham renovando sucessivos recordes nas últimas sessões. Porém, instantes atrás, alguns indicadores insistiam em voltar ao território positivo. Hoje o mercado brasileiro está fechado por feriado.

Um retrato dos principais mercados esta manhã

Nesta manhã, conhecemos a primeira medida de um banco central na semana. O Reserve Bank, da Austrália, cedeu à pressão do mercado ao abandonar o objetivo de rentabilidade dos seus bônus para abril de 2024.

  • O presidente da autoridade monetária, Philip Lowe, disse que é “provável que a inflação demore algum tempo” a voltar ao centro da meta de forma sustentável. Como consequência, os prêmios da dívida de três e dez anos caíram. A instituição manteve sua taxa de juros em um mínimo histórico de 0,1%, como era esperado pelo mercado.

A grande expectativa está na reunião do Fed, que termina amanhã. Na quinta-feira será a vez da autoridade monetária britânica a dar o seu parecer sobre a política monetária do país. Tanto os mercados de renda fixa como os de renda variável estão atentos às reações dos bancos centrais para controlar a alta dos preços sem esfriar o ritmo de recuperação econômica.

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Sobre o tema da inflação, os investidores receberam ontem uma pincelada de como os gargalos no abastecimento estão respingando nos preços.

  • O indicador ISM do setor manufatureiro nos EUA ficou ligeiramente acima das expectativas em outubro, em 60,8%, frente aos 60,5% esperados. Contudo, os preços pagos subiram a 85,7 pontos, bem acima dos 82,0 projetados pelos analistas, refletindo a falta de insumos para a produção.
  • Na Europa, as vendas do varejo na Alemanha caíram inesperadamente em setembro, à razão de 2,5%. Se esperava um ligeiro incremento de 0,4%.

Hoje, foi divulgado que o PMI (Purchasing Manager’s Index) do setor manufatureiro na zona do euro se debilitou mais do que o esperado em outubro, situando-se aos 58,3 pontos em outubro, contra 58,6 no mês anterior. É o quinto mês consecutivo de desaceleração, o que indica que o aumento nos preços de produção e os problemas de abastecimento já se fazem sentir.

  • Além de política monetária, os informes sobre a situação no mercado de trabalho dos Estados Unidos e a reunião da OPEP+ sobre a produção serão acompanhados de perto. O parecer dos produtores de petróleo pode ser vital para a economia mundial nestes tempos de escassez de combustíveis e disparada dos preços de energia, situação que tem forçado muitas empresas a interromperem sua produção.

Ler mais: Preços do petróleo estacionam em US$ 85 antes da reunião da Opep

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No radar

  • Esta é a agenda de hoje:
  • Decisão de política monetária do banco central da Austrália, hoje
  • PMIs de manufatura da zona do euro, Alemanha, Francia e Itália
  • Pedidos às fábricas dos Estados Unidos, indicador de bens duráveis, amanhã (3)
  • Fed: decisão sobre o rumo das taxas de juros e a política de estímulo monetário via recompra de títulos, amanhã (3)
  • Reunião da OPEP+ sobre produção de petróleo, quinta-feira (4)
  • Banco da Inglaterra anuncia sua decisão sobre juros e programa de aquisição de títulos, quinta-feira (4)
  • Desemprego nos EUA, pagamentos no setor não-agrícola, sexta-feira (5)
  • Balanços: Pfizer, T-Mobile, Estee Lauder y Amgen

Leia também: Minério de ferro fica abaixo de US$ 100 com desaceleração da China

-- Com informações de Bloomberg News

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.