Bloomberg — O governo Biden anunciou medidas contra a emissão de metano no mundo, com iniciativas em todo o governo para impedir que o potente gás de retenção de calor escape de aterros, poços de petróleo e fazendas.
As medidas anunciadas nesta terça-feira (2) buscam implantar ações em pelo menos cinco agências. Por exemplo, a Agência de Proteção Ambiental divulgou uma proposta há muito esperada de requisitos de endurecimento para tampar vazamentos em poços de petróleo e gás. O Departamento de Agricultura está anunciando um programa que incentiva os agricultores a aproveitar e vender metano. Já os reguladores de gasodutos irão expandir a supervisão das linhas de gás natural.
O presidente Joe Biden, que está em Glasgow, Escócia, para a conferência COP-26 das Nações Unidas sobre mudança climática, também anunciará que mais de 90 nações assinaram uma promessa conjunta com os EUA e a União Europeia de reduzir coletivamente as emissões globais de metano em 30% abaixo dos níveis de 2020 até 2030. O Brasil, uma importante fonte de emissões de metano, disse na segunda-feira que está aderindo ao pacto.
Na Escócia, Biden considerou os cortes de metano a “estratégia mais eficaz que temos para desacelerar o aquecimento global no curto prazo”.
Entenda o que é o gás metano
O metano, o principal componente do gás natural, tem mais de 80 vezes o poder de aquecimento da atmosfera do que o dióxido de carbono nas primeiras duas décadas após sua liberação. Por ter um impacto tão poderoso no curto prazo, as reduções podem produzir resultados quase imediatos - ao contrário do período de tempo mais longo necessário para o impacto dos cortes de dióxido de carbono.
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A campanha de Biden desapontou alguns ambientalistas que queriam que o governo fosse mais longe para evitar vazamentos na indústria do petróleo. O regulamento proposto pela EPA, por exemplo, ainda permitiria a queima de gás natural indesejado de poços de petróleo. E os requisitos de inspeção propostos podem se traduzir em verificações menos frequentes para operações menores.
Avanços rápidos na tecnologia de detecção de metano significam que mais locais podem ser monitorados, disse Lauren Pagel, diretora de política do grupo ambiental Earthworks. “Todas as comunidades merecem respirar um ar mais limpo e nenhum poço deve ser isento dos padrões de poluição.”
Outra iniciativa da EPA que está sendo lançada na terça-feira buscará, por meio de ações voluntárias, capturar 70% do metano de aterros sanitários em todo o país, disse um alto funcionário do governo, que falou anonimamente antes dos anúncios serem públicos.
A Administração de Segurança de Dutos e Materiais Perigosos está expandindo formalmente a supervisão do governo federal para todos os dutos de coleta de gás em terra.
Pipelines da cidade
No próximo ano, a agência irá além, buscando regular cerca de 2,3 milhões de milhas de oleodutos dentro das cidades que escaparam da supervisão e são uma importante fonte de vazamentos de metano, disse um alto funcionário do governo.
Os esforços são ancorados pela proposta da EPA de solicitar inspeções e reparos mais frequentes de vazamentos de metano em locais da indústria de petróleo, incluindo, pela primeira vez, poços que foram perfurados antes de 2015.
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“Com esta ação histórica, a EPA está abordando as fontes existentes da indústria de petróleo e gás natural em todo o país, além de atualizar as regras para novas fontes, para garantir cortes robustos e duradouros na poluição”, disse o administrador da EPA Michael Regan em uma nota.
A medida exigiria que as empresas substituam equipamentos sujeitos a vazamentos e procurem com mais frequência o metano que escapava de locais de petróleo e gás. Os estados seriam solicitados a desenvolver planos para limitar as emissões de metano de poços e equipamentos mais antigos e existentes.
A iniciativa, se finalizada, também proibiria efetivamente a ventilação de rotina, quando o gás natural é liberado sem controle na atmosfera após emergir de poços de petróleo ao lado de petróleo mais lucrativo.
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