Ação da Magalu encolhe 54% no ano e ameaça ficar abaixo de R$ 10

Vítima do ciclo de alta dos juros, que desencoraja compras parceladas, papel chegou a valer mais de R$ 28 na máxima em novembro

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São Paulo — A ação da Magalu já encolheu 54% neste ano e está na mesma casa (R$ 11,31, fechamento da última segunda-feira) em que se encontrava no início da maior crise sanitária mundial do século (R$ 11,21), no dia 11 de março de 2020, quando a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou pandemia da Covid-19. A varejista está a nove dias da divulgação (dia 11) do seu resultado financeiro do terceiro trimestre, números aguardados com ansiedade, já que analistas esperam uma desaceleração do ritmo de crescimento no contexto de taxa de juros em alta e previsões de recessão para a economia brasileira em 2022, ano de eleição presidencial.

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Analisando a trajetória da ação desde o início da pandemia, MGLU3 acompanhou um movimento nas Bolsas mundiais, em que os investidores apostaram em companhias do comércio eletrônico. Naquela época, devido às restrições adotadas pelos países para prevenir a disseminação do novo coronavírus, como as ordens de “lockdown” e limitações de funcionamento do varejo físico, a aposta do mercado era em empresas beneficiadas pelas vendas pela internet. Com o avanço da vacinação contra a Covid-19, a reabertura das economias e o fim dessas restrições, a tendência mudou, levando a ajustes negativos nos preços desses papéis.

Na semana passada, o papel registrou uma mínima de R$ 10,73, aproximando-se da barreira psicológica de R$ 10. A última vez que MGLU3 custou menos de R$ 10 foi no dia 8 de abril de 2020 (R$ 9,83 no intraday). A máxima do papel em um ano foi de R$ 28,24, tocada no dia 9 de novembro do ano passado. Quem comprou o papel nessa data e vendeu na mínima de R$ 10,73 na última sexta registrou um prejuízo de 62%.

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O cenário macroeconômico do Brasil, com a disparada dos juros para conter as pressões inflacionárias, prejudica a ação da Magalu, cujas receitas dependem da vendas a prazo e da melhora do nível de emprego e renda dos consumidores, um cenário pouco provável em um ambiente de menor crescimento da economia e aperto monetário.

Em setembro, diante da volatilidade de suas ações, a companhia chegou a reunir analistas de bancos para discutir a perspectiva para seu negócio e suas prioridades estratégicas, reiterando que seu foco é construir um ecossistema digital integrado por suas recentes aquisições com iniciativas de crescimento orgânico, como registrou um relatório do banco americano Goldman Sachs, divulgado no dia 13 de setembro. Na época, a instituição manteve a recomendação de compra para o papel, com preço-alvo de R$ 25 para um horizonte de 12 meses.

Na semana passada, o Goldman Sachs divulgou um relatório sobre o impacto da alta dos juros nas principais empresas do varejo brasileiro. Sobre a ação da Magalu, disse que o papel sofre com um ambiente de negócios mais fraco no segundo semestre e com mais incertezas no cenário para 2022. “É improvável que os múltiplos de retorno voltem aos picos históricos”, avaliou, embora tenha reiterado a recomendação de compra para o papel.

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