IPO do Nubank deve girar US$ 3,4 bi e ter oferta exclusiva a cliente

A expectativa é que o Nubank chegue NYSE valendo mais de US$ 50 bi; cliente receberá BDR grátis; no varejo, apenas cliente poderá aderir à oferta

David Velez e Cristina Junqueira, fundadores do Nubank
01 de Novembro, 2021 | 09:51 AM

Bloomberg Línea — Uma das mais aguardadas ofertas iniciais de ações do ano, o IPO do Nubank deverá movimentar cerca de US$ 3,385 bilhões se as ações saírem no meio da faixa indicativa de preço, que vai de US$ 10 a US$ 11. Se forem exercidos todos os lotes extras e o preço sair no topo da faixa, a operação pode chegar a US$ 4,89 bilhões.

Cada cliente ativo no Brasil poderá receber, gratuitamente, um BDRs na oferta. “Milhões de clientes serão convidados a se tornarem sócios da empresa, sem nenhum custo, por meio do recebimento de um BDR por pessoa”, diz o Nubank.

A expectativa é que o Nubank chegue a mercado valendo mais de US$ 50 bilhões, maior que os grandes bancos brasileiros e de gigantes como a Ambev. Quando o megainvestidor Warren Buffett, da Berkshire Hathaway, fez um aporte de US$ 500 milhões na empresa neste ano, o Nubank já tinha sido avaliado em US$ 30 bilhões.

A operação deve ser concluída no dia 7 de dezembro e as ações do Nubank estreiam na NYSE (Bolsa de Valores de Nova York) no dia seguinte sob o código NU.

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Só cliente Nubank

O Nubank divulgou hoje o seu prospecto premilinar com dados da oferta revelando uma novidade: apenas seus clientes poderão aderir à oferta de ações no varejo. Ou seja, clientes de plataformas concorrentes, como XP e BTG, não poderão fazer pedido de reserva de ações. “A oferta de varejo Nubank será realizada exclusivamente junto a investidores de varejo Nubank que realizarem pedido de reserva junto ao NuInvest”, diz o prospecto.

No Brasil, a oferta se dará por meio de BDRs, sendo que cada seis BDRs valerão por uma ação. O valor mínimo para aplicação do varejo será de R$ 30 e o máximo, de R$ 300 mil. O período geral de reserva vai de 17 de novembro a 7 de dezembro, sendo que para os clientes começa no dia 9 de novembro e termina em 5 de dezembro.

Para o programa de clientes, os coordenadores de oferta reservaram, inicialmente, um montante de R$ 180 milhões em BDRs. O volume de ações destinado aos clientes poderá ser aumentado em 25%, a depender da demanda. Se a demanda superar a oferta, as alocações serão feitas por ordem de chegada.

Os clientes que aderirem ao programa deverão manter os papéis pelo prazo de 12 meses.

Caixa cheio

Os fundadores do Nubank têm ações classe B, com direito a vota de 20 vezes o de uma ação classe A, que são as que serão vendidas no IPO.

A oferta será primária (289,15 milhões de ações), quando os recursos vão para o caixa da empresa, e secundária (43,37 milhões) para desinvestimento dos sócios. Segundo o prospecto, os recursos captados serão destinados para: capital de giro; despesas operacionais; despesas de capital; e novos investimentos e aquisições de negócios, produtos, serviços e tecnologias.

O Nubank escolheu listar as ações na NYSE, a bolsa de Nova York, após concorrência com a Nasdaq.

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Veja também: David Vélez: “É um equívoco pensar que o Nubank é só para millenials”

No mês passado, o Nubank reportou o seu primeiro lucro desde o lançamento há oito anos. A fintech, que começou com emissora de cartões, teve lucro líquido de R$ 76 milhões no primeiro semestre no Brasil. À época, o Nubank atribuiu o resultado positivo ao crescimento das receitas de intermediação financeira, que somaram R$ 4 bilhões no primeiro semestre - 92% superior ao obtido no mesmo período do ano anterior. Os números apresentados diziam respeito somente às operações no Brasil, concentradas na Nu Pagamentos S.A e suas subsidiárias.

Naquela divulgação, o Nubank destacava ainda que encerrou junho com mais de 41 milhões de clientes, crescimento de 25% em relação ao semestre anterior e de 60% nos últimos 12 meses. A empresa informou ainda que os clientes movimentaram R$ 92 bilhões em transações no período, alta de 105% em relação ao mesmo período do ano passado.

A oferta será coordenada por Morgan Stanley, Goldman Sachs, Citigroup, HSBC e UBS. Entre as instituições brasileiras, apenas o Banco Safra participa do sindicato de bancos, além da Nu Invest, corretora do banco.

(atualizado às 11h45 com detalhes sobre a oferta de varejo)

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Toni Sciarretta

News director da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista com mais de 20 anos de experiência na cobertura diária de finanças, mercados e empresas abertas. Trabalhou no Valor Econômico e na Folha de S.Paulo. Foi bolsista do programa de jornalismo da Universidade de Michigan.