Brasil detalhará novo plano de zerar emissão em 2050 na COP-26

O Brasil já considerou abandonar o Acordo de Paris, mas tendência é que apresente abordagem mais branda em Glasgow

Campo aberto com derrubada de árvores e queimadas na floresta do Norte do país
Por Isis Almeida
31 de Outubro, 2021 | 07:16 PM

Bloomberg — O Brasil deve revelar uma meta mais ambiciosa para atingir a neutralidade climática e assinar uma promessa liderada pelo Reino Unido sobre o fim do desmatamento em uma mudança de postura para a administração do presidente Jair Bolsonaro, criticado ao redor do mundo por sua posição sobre o clima.

O país planeja declarar oficialmente sua meta de zerar as emissões líquidas para 2050 - conhecida como Contribuição Nacionalmente Determinada - nas negociações climáticas da COP-26 na Escócia nesta segunda-feira, disse Paulino de Carvalho Neto, secretário do Itamaraty para assuntos políticos multilaterais. O Brasil também fará parte de um acordo liderado pelo Reino Unido para parar o desmatamento e acabar com a degradação do solo até 2030.

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Berço da floresta amazônica, o país mudou sua postura sobre o clima e está se posicionando de forma mais flexível nas negociações, à medida que o mundo busca evitar as piores consequências das mudanças climáticas. O encontro de Glasgow foi anunciado como um evento decisivo para conter o aquecimento global, com o Reino Unido pressionando fortemente para que os líderes mundiais ampliem suas ambições climáticas.

“Sem dúvida, nosso maior desafio será enfrentar o desmatamento”, disse Carvalho Neto por telefone de Glasgow no domingo. “Enfrentando o desmatamento, a gente vai reduzir muito as nossas emissões, todo o nosso esforço têm que ser concentrados nesta área.”

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O Brasil, que já considerou abandonar o acordo climático de Paris, suavizou sua postura. A mudança de tom ocorre no momento em que Bolsonaro se candidata à reeleição no ano que vem e empresas locais e estrangeiras pressionam o governo a adotar uma abordagem mais favorável ao clima.

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O país também vê uma “boa chance” de um acordo que estabeleça regras para um mercado global de carbono - conhecido como Artigo 6 no Acordo de Paris, disse o funcionário. Em 2019, as negociações da COP em Madri terminaram sem um acordo, com o Brasil e a União Europeia em desacordo. Estabelecer essas regras é um dos principais objetivos da conferência de Glasgow.

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Assinar a declaração florestal - que também é apoiada pela União Europeia, Indonésia e República Democrática do Congo - é um grande passo para o Brasil em meio à luta para combater acusações de que está destruindo a área do Cerrado para o cultivo de soja e de que ainda há gado sendo criado na Amazônia.

“Houve um entendimento entre Brasil e Reino Unido”, disse ele. “O Brasil aceita que é nossa principal responsabilidade”combater o desmatamento”, disse ele, acrescentando que a maior economia da América Latina também gostaria de ver uma promessa semelhante para acabar com o uso de combustíveis fósseis.

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Conter o desmatamento também é fundamental para regular os níveis de chuva, que serão cruciais tanto para a geração de energia hidrelétrica quanto para a produção agrícola. A crise hídrica neste ano prejudicou as lavouras de café e obrigou o Brasil a importar gás natural liquefeito para garantir o fornecimento de eletricidade.

O Brasil também planeja anunciar um aumento em sua meta de redução de emissões que é atualmente de 43% até 2030, disse ele, recusando-se a fornecer um número preciso. Embora os cortes ainda sejam ante os níveis de 2005, a base desse cálculo mudou para 2,4 bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente, de 2,8 bilhões de toneladas anteriormente, disse ele.

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