Bloomberg — As negociações na cúpula do G-20 em Roma se arrastaram até depois da meia-noite, principalmente no que diz respeito a energia e clima. Alguns países culparam a China, dizendo que o país se recusa a intensificar os compromissos para limitar o aumentos da temperatura e a recuar na questão do carvão.
Os países estão prestes a se comprometer a encerrar o financiamento internacional para usinas termelétricas a carvão no exterior, mas não chegaram a um acordo sobre um prazo para parar de sustentá-las no âmbito nacional, segundo funcionários informados sobre as negociações.
Em suma, não há avanços desde a reunião de ministros do Meio Ambiente ocorrida há três meses, e tudo indica que eles vão começar a culpar uns aos outros pela estagnação.
Provavelmente caberá aos líderes intervir energicamente quando a cúpula começar formalmente no sábado (30), em Roma.
As dificuldades que os negociadores enfrentam foram relatadas em uma nova versão de um rascunho das conclusões das discussões da quinta-feira (28) à noite ao qual a Bloomberg News teve acesso. A seção do rascunho sobre energia e clima tem menos de uma linha e continua “em discussão”. Funcionários informados sobre as discussões afirmaram que a delegação chinesa foi o principal obstáculo, mas teve apoio de outros países, incluindo Rússia e Índia.
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Diplomatas da Itália, país anfitrião, estão pressionando para que a meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C até 2050 continue atingível, disseram duas pessoas. O fato de que mesmo algo tão decepcionante e incontroverso tenha oposição não é um bom presságio para as negociações que ocorrerão na próxima semana na cúpula do clima da COP26 da ONU em Glasgow, Escócia, que visa melhorar as metas estabelecidas no âmbito do Acordo do Clima de Paris, assinado em 2015.
Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, disse à imprensa que ainda há “sérios problemas” em fazer os membros do G-20 chegarem a um acordo sobre o rascunho. Alguns países queriam “outra discussão” para o carvão.
“Alguns dos membros do G-20 relutam em escrever certas palavras quando se trata de subsídios aos combustíveis fósseis, por exemplo”, disse Michel. As delegações ainda não chegaram a um acordo sobre os preços e as várias questões do carvão, que, após horas de negociações, continuam sem solução.
Um rascunho anterior do comunicado mencionava os melhores esforços para acabar com o uso de carvão na geração de energia doméstica, mas não incluía prazos. O fato de participantes essenciais, como o presidente russo Vladimir Putin e sua contraparte chinesa Xi Jinping, não comparecerem à cúpula pessoalmente aumenta a sensação de mau presságio. Sem a intervenção pessoal dessas figuras, um grande avanço parece improvável.
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