Após máximas nos EUA, investidores são tentados a embolsar ganhos

Mercados se guiam por inflação e dados sobre atividade econômica, além dos resultados decepcionantes de Amazon e Apple. Queda é generalizada nas bolsas europeias e nos negócios com futuros de ações em NY

depois de atingirem máximas históricas, bolsas nos EUA retrocedem, influenciadas também por balanços de gigantes tecnológicas
29 de Outubro, 2021 | 07:51 AM

Barcelona, Espanha — Depois de as bolsas dos Estados Unidos alcançarem máximos históricos, os investidores podem ficar tentados a uma realização de lucros, sobretudo diante da proximidade do fim de semana.

De fato, nas primeiras operações da manhã os futuros de índices em Nova York exibiam queda, influenciados, também, pelos resultados decepcionantes da Amazon e Apple após o fechamento dos mercados. Na Europa, as bolsas também trabalhavam no negativo, antecipando dados macroeconômicos que serão divulgados hoje.

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Quanto à Ásia, a crise da dívida da China Evergrande continua no ponto de mira. Segundo a Bloomberg, alguns titulares de bônus receberam o pagamento de juros - embora com atraso -, o que permitiu à endividada incorporadora ganhar um pouco mais de tempo.

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Um retrato dos principais mercados

Sob os holofotes

Nestes primeiros negócios do dia, duas variáveis foram importantes, pois vieram à luz depois do fechamento dos mercados:

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  • O resultado decepcionante da Amazon, que mostrou uma previsão para as vendas de fim de ano aquém das estimativas dos analistas. A receita e o lucro da empresa também ficaram abaixo das projeções para o terceiro trimestre. A companhia disse que os custos para negociar os problemas na cadeia de abastecimento e a adição de mais funcionários para entregar mercadorias na temporada de férias reduziriam ainda mais os lucros.
  • Prejudicada pelas restrições na cadeia de abastecimento, a receita trimestral da Apple também desapontou. A receita fiscal do quarto trimestre foi de US$ 83,4 bilhões, abaixo das estimativas de US$ 84,7 bilhões. Isso representa um crescimento de 29% em relação ao período do ano anterior, mas aquele trimestre não incluiu um novo iPhone.

Inflação, a mosca na sopa

  • A inflação está sob análise nesta sexta-feira, depois das mensagens transmitidas por vários bancos centrais esta semana. Hoje sai o IPC preliminar de outubro da zona do euro e os investidores ainda pesam o anúncio de que na Espanha os preços ao consumidor subiram em outubro muito mais do que o esperado: +5,5% na comparação anual, versus estimativas de +4,5%. Frente a setembro, a alta foi de 2%, contra previsões de 1,2%. O IPC alemão também superou as projeções (+4,5% anuais frente a +4,4%).

Os títulos europeus ampliam o recuo visto ontem em reação aos dados sobre o crescimento econômico e a inflação da zona do euro, que reforçaram a convicção de que os aumentos das taxas de juros pelo Banco Central Europeu (BCE) estão no horizonte. Ontem, o BCE deu ao mercado alguns pareceres sobre suas manobras de política monetária. As mensagens que ecoaram foram:

  • O programa de estímulo econômico via recompra de títulos terminaria em março
  • O BCE reconheceu que a inflação será mais alta durante um tempo, mas eliminou de sua declaração que a alta dos preços será “em grande medida temporária”.

Esta manhã, o mercado recebeu a notícia de que o crescimento econômico da zona do euro se acelerou no terceiro trimestre com a suspensão da maioria das restrições pela Covid-19. Já a inflação alcançou o nível mais alto desde 2008.

  • A produção aumentou 2,2% nos três meses encerrados em setembro, um pouco acima das projeções dos analistas. Destaque para França e Itália, com um aumento de 3% e 2,6%, respectivamente, nos gastos dos consumidores.
  • Os preços de consumo da zona do euro subiram 4,1% em outubro, em termos anuais, quando as estimativas rondavam os 3,7%. A inflação foi impulsionada pela energia, que ficou quase 25% mais cara frente ao ano passado.

No radar

Esta é a agenda de hoje:

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  • No Brasil: Dívida Líquida/PIB de setembro, Balanço e Superávit Orçamentário (9h30); BRL – Posições líquidas de especuladores no relatório da CFTC (16h30 hora de Brasília). Balanços: Usiminas e Irani
  • Nos Estados Unidos: Destaque para os dados de consumo e índice de preços PCE (9h30)

Balanços: ExxonMobil, Chevron, AbbVie, Charter Communications, Daimler, BNP Paribas, Aon e NatWest Group.

Outros destaques no exterior:

  • Reunião conjunta de ministros de finanças e saúde do G-20 antes da cúpula dos líderes no fim de semana
  • Produção industrial preliminar de setembro e PIB preliminar do terceiro trimestre na zona do euro, Alemanha, França e Itália
  • IPC preliminar de outubro da zona do euro
  • Taxa de desemprego no Japão

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-- Com informações de Bloomberg News

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.