Previsão de vendas de fim de ano da Amazon sugere fim do boom pandêmico

Companhia cita custos com problemas na cadeia de abastecimento global e adição de funcionários

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Bloomberg — A Amazon.com Inc. mostrou uma previsão para as vendas de fim de ano que ficou aquém das estimativas dos analistas, sinalizando que o aumento das compras online gerado pela pandemia continua diminuindo. As ações caíram cerca de 5% no período estendido de negociações.

A receita e o lucro da empresa também ficaram abaixo das projeções para o terceiro trimestre. A companhia disse que os custos para negociar os problemas na cadeia de abastecimento e a adição de mais funcionários para entregar mercadorias na temporada de férias reduziriam ainda mais os lucros.

A receita prevista para o período que se encerra em dezembro é de US$ 130 bilhões a US$ 140 bilhões, segundo comunicado. Analistas estimam algo em torno de US$ 141,6 bilhões, segundo dados compilados pela Bloomberg. O lucro operacional pode ser tão baixo quanto zero, disse a Amazon, um passo contrário para a empresa, depois de colher bilhões de dólares em lucros a cada trimestre, desde o início de 2018.

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John Tomlinson, diretor de pesquisa da M Science, disse que os investidores esperavam que as condições tivessem melhorado desde a perspectiva relativamente sombria da Amazon em julho.

“Acho que as pessoas estavam esperando que este trimestre fosse o pior”, disse Tomlinson, referindo-se ao período encerrado em 30 de setembro. “Não parece que seja esse o caso. Alguns dos desafios que eles expuseram não pareceram piorar, mas também não ficaram muito melhores”, comentou.

O trimestre foi o primeiro com o novo CEO Andy Jassy, que assumiu o comando da maior varejista online do mundo em julho. As ações da Amazon subiram 5,8% este ano, com desempenho inferior ao do mercado em geral, à medida que os consumidores que optaram pelos pedidos online em números recorde durante a pandemia começaram a retomar as compras pessoalmente. A Amazon sinalizou que o crescimento mais lento das vendas - e altos gastos em áreas como salários e novos depósitos - persistirá até o final do ano.

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Embora no início desta semana a empresa tenha buscado tranquilizar os compradores e investidores de que seus investimentos a deixaram bem preparada para enfrentar os problemas da cadeia de abastecimento, Jassy comentou que os gastos teriam um custo.

“No quarto trimestre, esperamos incorrer em vários bilhões de dólares em custos adicionais em nosso negócio de consumo à medida que administramos a escassez de mão de obra, aumento dos custos salariais, problemas da cadeia de abastecimento global e aumento dos custos de frete e envio”, disse ele no comunicado. “Vai ser caro para nós a curto prazo, mas é a priorização certa para nossos clientes e parceiros”, completou.

Até 30 de setembro, a Amazon empregou mais de 1,46 milhão de trabalhadores em tempo integral e parcial, um aumento de 30% em relação ao ano anterior.

A receita do terceiro trimestre aumentou 15%, para US$ 110,8 bilhões, em comparação com a estimativa média dos analistas de US$ 111,8 bilhões. O lucro foi de US$ 6,12 por ação, abaixo dos US$ 12,37 do ano anterior, disse a empresa.

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A Amazon Web Services, unidade de computação em nuvem que gera a maior parte do lucro da Amazon, registrou vendas de US$ 16,1 bilhões, um aumento de 39%.

A receita da loja online, o principal mercado de negócios da empresa, aumentou apenas 3%, para quase US$ 50 bilhões. A categoria “outros”, que é basicamente publicidade, saltou 49%, para US$ 8,09 bilhões.

“A orientação suave para o quarto trimestre seria mais preocupante se a Amazon não tivesse um histórico de desempenho superior durante o trimestre do fim do ano”, disse Andrew Lipsman, analista da EMarketer. “Os pontos brilhantes nos ganhos do terceiro trimestre são a aceleração da AWS e a força contínua no negócio de anúncios, ambos os quais reduzirão muito o lucro no próximo trimestre se o negócio de comércio eletrônico se recuperar”, completou.

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