Lucro da Petrobras supera expectativa com reajuste de combustíveis

Estatal lucra R$ 31,1 bilhões no terceiro trimestre com aumento de 9% na receita devido à alta do petróleo e aos reajustes do diesel e gasolina

Reajuste da gasolina e do diesel impulsionou receitas da Petrobras no terceiro trimestre
28 de Outubro, 2021 | 07:22 PM

São Paulo — A Petrobras lucrou R$ 31,1 bilhões no terceiro trimestre, acima da expectativa do mercado, que era de R$ 13,9 bilhões. O resultado foi favorecido pela alta da cotação do barril do petróleo no período, que provocou uma disparada dos preços dos combustíveis, como a gasolina e o diesel, uma das principais razões das pressões inflacionárias no Brasil. Em igual período do ano passado, a companhia tinha reportado um prejuízo de R$ 1,5 bilhão.

A estatal teve um aumento de 9% de sua receita de julho a setembro, totalizando R$ 121,6 bilhões, devido principalmente à valorização de 5% do preço do petróleo, ao aumento nos preços de derivados no mercado interno e à maior receita de gás natural e energia elétrica.

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“A receita com derivados no mercado interno foi 18,1% superior ao segundo trimestre, com destaque para as vendas de diesel, gasolina e QAV [querosene de aviação]”, disse a petroleira, ao divulgar seu resultado financeiro.

A companhia também fez referência ao impacto da crise hídrica com o crescimento de 28,1% das receitas com gás natural e de 75,7% com energia elétrica, “tendo em vista a piora das condições hidrológicas e, consequentemente, o maior despacho termelétrico no período”.

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“Em termos da composição da receita no mercado interno, o diesel e a gasolina continuaram sendo os principais produtos, respondendo juntos por 71% da receita nacional de vendas de derivados de petróleo no terceiro trimestre”, acrescentou a estatal.

A petroleira, que hoje está no centro do debate político com a proposta do governo federal de iniciar um processo de privatização diante do desgaste de imagem com a alta do custo de vida decorrente dos frequentes reajustes dos combustíveis, informou ainda que “realizou melhores margens no mercado interno pelo aumento no volumes de vendas”, já que a gasolina teve ganho de participação devido à sua competividade de preços com o etanol.

“O diesel teve aumento das vendas pelo efeito sazonal deste derivado e QAV [querosene da aviação], pela sua sazonalidade, associada à retomada de voos domésticos e internacionais no terceiro trimestre em relação ao segundo, afetado pela segunda onda do Covid”, revelou a companhia.

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O CEO da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, disse que a companhia “não persegue o lucro pelo lucro”. A declaração vem no momento em que o presidente Jair Bolsonaro tece diversas críticas à estatal devido aos reajustes dos combustíveis.

“Continuaremos atuando com disciplina de capital, investindo em ativos resilientes e com taxas de retorno adequadas, com foco na geração de valor para a sociedade. O resultado desse trabalho é o lucro, mas é bom enfatizar que a Petrobras não persegue o lucro pelo lucro. Nosso objetivo é retornar valor para nossos acionistas e para a sociedade, através de impostos, dividendos, criação de empregos e investimentos, que dentro do contexto da transição energética, devem ser acelerados, principalmente o desenvolvimento no pré-sal”,afirmou Luna, em comunicado.

Hoje, a petroleira divulgou também uma antecipação do pagamento de remuneração aos seus acionistas. Serão R$ 31,8 bilhões em proventos com pagamento previsto para dezembro.

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Dívida

Em seu comunicado à imprensa sobre o resultado trimestral, a Petrobras preferiu focar na redução do seu endividamento, após a venda de ativos. “A estatal diminuiu sua dívida bruta, no terceiro trimestre, para o valor de US$ 59,6 bilhões. Com o resultado, a companhia atinge, com mais de um ano de antecedência, a meta de US$ 60 bilhões, prevista para o final de 2022″, diz o comunicado.

“Para muitos, essa dívida parecia impagável e hoje, finalmente, chega a um patamar mais saudável. Todos que fazem parte desta empresa têm contribuído para isso e são responsáveis por esta redução de mais de US$ 100 bilhões em pouco mais de sete anos”, disse Rodrigo Araujo, diretor financeiro e de relacionamento com investidores, no comunicado.

Outros destaques do resultado financeiro apontados pela estatal são o recebimento de US$ 2,9 bilhões dos parceiros no acordo de coparticipação de Búzios e a entrada em caixa de US$ 2,2 bilhões decorrentes da oferta pública da Petrobras Distribuidora, realizada em julho.

Derivados

As vendas de derivados pela estatal no trimestre alcançaram volumes de 1,9 milhão de barris por dia (bpd), 10,7% maiores do que no trimestre anterior, com aumento na comercialização de todos os produtos. A produção de derivados nas refinarias também subiu 11% no mesmo período devido à maior demanda do mercado interno e maior disponibilidade das unidades de refino. Na comparação do segundo e do terceiro trimestre, o fator de utilização das refinarias aumentou de 75% para 85% e, em outubro, chegou a alcançar 90%.

Já a produção média de óleo, líquido de gás natural (LGN) e gás natural da Petrobras alcançou 2,83 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed) no período, um aumento de 1,2% em relação ao trimestre anterior, mesmo em um cenário ainda de restrições em função da pandemia da Covid. O pré-sal atingiu 71% da produção, com destaque para a entrada em operação do FPSO Carioca (campo de Sépia) e para o atingimento do topo de produção do FPSO P-70 (campo de Atapu).

Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.