Bloomberg — Frederico Trajano ajudou a transformar a varejista de eletrodomésticos fundada por sua família na década de 1950 em um gigante do comércio eletrônico no Brasil.
Agora, Trajano quer transformar o Magalu mais uma vez.
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Trajano, de 45 anos, liderou a compra de 20 empresas de menor porte no último ano pelo Magazine Luiza. Os alvos incluíram fintechs, empresas de entrega de comida, startups de inteligência artificial e uma plataforma voltada para o público geek.
“Queremos tornar o Brasil digital, assim como tornamos o Magazine Luiza digital”, disse Trajano, diretor-presidente da varejista, em entrevista à Bloomberg Television. “Quando você olha o e-commerce no Brasil, mesmo depois da crise de Covid, representa apenas 10% do varejo. Portanto, o comércio eletrônico no Brasil vai crescer de qualquer maneira, mesmo que o PIB não cresça.”
No Magazine Luiza, o e-commerce já responde por cerca de 70% da receita, disse Trajano. Ele espera que a estratégia ajude a compensar o fraco crescimento do Brasil.
O país mais uma vez enfrenta um período turbulento, com o aumento dos preços dos alimentos e combustíveis e a tentativa do presidente Jair Bolsonaro de elevar o auxílio emergencial antes de buscar a reeleição em 2022, mas contornando o teto de gastos. Os juros dispararam, e as perspectivas de crescimento foram revisadas para baixo, com alguns economistas já prevendo recessão em 2022.
“Não perco muito tempo com previsão macro. Para o Brasil, é inútil, porque é um país muito volátil”, disse Trajano.
O cenário mais negativo para a economia brasileira tem pesado sobre as ações do Magazine Luiza, que acumulam queda de 52% no ano depois do salto em 2020. A empresa também enfrenta maior concorrência da Amazon e do Mercado Livre.
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Entre as iniciativas, o Magazine Luiza está vendendo produtos financeiros para outras varejistas conectadas ao seu marketplace, na esteira das recentes aquisições, disse o executivo. O objetivo de Trajano é transformar a empresa em algo semelhante aos conglomerados onipresentes da China, como Alibaba ou Tencent, empresas que têm “um modelo de negócio mais amplo, mas muito focado em um único país”, disse.
Enquanto tenta mais uma vez reformular a Magalu, Trajano quer conduzir a estratégia sem mudar a “alma feminista de mente aberta” da empresa.
“Fomos fundados e liderados por mulheres há cerca de 40 anos, isso é muito atípico para a América Latina”, disse Trajano. A empresa leva o nome de Luiza Trajano Donato, tia-avó de Frederico, que ajudou a fundar a varejista. A mãe dele, Luiza Helena Trajano, atualmente é presidente do conselho, após um longo período como CEO.
“Grande parte do meu sucesso vem do que aprendi com as duas Luizas, o cerne da nossa cultura empresarial”, afirmou.
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