Santander Brasil reduz ritmo de crescimento do lucro; inadimplência sobe

Em julho, quando divulgou o lucro do segundo trimestre, a taxa de crescimento era bem mais robusta, de 98,4% na base anual

Operação brasileira do banco espanhol Santander viu seus índices de inadimplência em trajetória ascendente no terceiro trimestre, bem como as despesas com provisões de créditos de liquidação duvidosa
27 de Outubro, 2021 | 11:29 AM

São Paulo — O lucro do Santander Brasil registrou um ritmo menor de crescimento do seu lucro no terceiro trimestre, quando viu também os índices de inadimplência seguirem um caminho de alta, cenário que o banco diz estar sob controle. As despesas com provisões de créditos também foram maiores.

De julho a setembro, a operação brasileira do banco espanhol rendeu um lucro de R$ 4,3 bilhões. O valor representa um aumento de 12,5% em um ano e de 4,1% em um trimestre. Em julho, quando divulgou o lucro do segundo trimestre, a taxa de crescimento era bem mais robusta (98,4% na base anual).

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Se antes o Santander quase dobrava seu lucro em um ano, agora enfrenta um cenário macroeconômico mais desafiante, com a disparada dos juros e da inflação e até apostas em uma recessão brasileira em 2022, como alguns players começaram a precificar nesta semana.

No terceiro trimestre, os indicadores de inadimplência do Santander continuam apontando para cima. Para atrasos acima de 90 dias, os índices avançaram de 2,2% no segundo para 2,4% no terceiro, com crescimento tanto para pessoas físicas (3,2% a 3,3%) como para jurídicas (1,1% para 1,3%).

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As despesas de provisões de crédito de liquidação duvidosa do Santander Brasil totalizam cerca de R$ 4,7 bilhões, bem acima do resultado colhido no segundo (R$ 4 bilhões) e no primeiro trimestre (R$ 3,7 bilhões).

Já o material de divulgação do banco focou nas linhas positivas do seu desempenho, como o melhor nível histórico de rentabilidade (22,4%). A receita do banco avançou 16,5%, totalizando R$ 19,448 bilhões entre julho e setembro. Ante o segundo trimestre, foi uma alta menor, de 7,3%.

Também enfatizou o recorde na conquista de clientes e um acelerado ritmo de vinculação e bancarização, além da eficiência de 35,7%. “Receitas totais crescem de forma sustentável, suportadas por maior transacionalidade. Custo de crédito controlado e ancorado nos nossos modelos de risco”, pontuou.

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O banco frisou a qualidade de sua carteira de crédito. Ao detalhar as comissões, o Santander registrou maiores crescimentos percentuais na base anual com cartões (31%), seguros (19,7%), administração de fundos (30,1%) e corretagem e colocação de títulos (13,2%).

Em relação ao segundo trimestre, cresceram mais corretagem e colocação de títulos (16,6%), cartões (9,5%) e operações de crédito (5,9%). A carteira ampliada do banco totalizou R$ 526,488 bilhões no fim de setembro, alta de 13,1% na comparação anual e de 3,2% em relação ao segundo trimestre.

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O desempenho do varejo também foi destacado. Pessoa física respondeu por R$ 200,157 bilhões, crescimento de 21,3% em relação a setembro do ano passado e de 5,5% na comparação com o fim do segundo trimestre.

A margem financeira bruta passou de 10,2% no segundo para 10,3% no terceiro trimestre. O banco fechou o último trimestre com R$ 12,092 bilhões em operações com clientes e R$ 2,524 bilhões em operações com o mercado, aumento de 14,8% e de 32,8%, respectivamente, na comparação anual.

Ao comentar os números em teleconferência com jornalistas, o CEO do Santander Brasil, Sergio Rial, evitou fazer previsão sobre o comportamento da inadimplência em 2022, mas considerou o cenário mais desafiante no ano que vem diante das expectativas de aumento dos juros e da inflação.

(atualizado com posição do CEO)

Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.