Nubank dá início a IPO com valuation acima de US$ 50 bi nos EUA e Brasil

A operação é uma das mais aguardadas de uma empresa brasileira, que deve ocorrer mesmo em meio à forte turbulência do mercado local

Os fundadores do Nubank, David Velez, e Cristina Junqueira
27 de Outubro, 2021 | 11:51 AM

Bloomberg Línea — A Nu Holdings, controladora do Nubank, deu entrada em seu pedido de oferta inicial de ações (IPO) nos EUA, com listagem simultânea no Brasil por meio de BDRs (recibos de ações estrangeiras). A operação é uma das mais aguardadas de uma empresa de origem brasileira, que deve ocorrer ainda neste ano e mesmo em meio às turbulências do mercado local.

O pedido, no entanto, conta com cláusula de confidencialidade, o que restringe o acesso público às informações relacionadas à oferta e aos negócios da empresa. A empresa escolheu listar as ações na NYSE, a bolsa de Nova York, após concorrência com a Nasdaq, segundo fontes que pediram para não ser identificadas.

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A operação deve movimentar mais de US$ 2 bilhões e a empresa pode chegar a mercado com um valor de mercado acima de US$ 50 bilhões, maior do que a dos grandes bancos brasileiros. Quando o megainvestidor Warren Buffett, da Berkshire Hathaway, fez um aporte de US$ 500 milhões na empresa neste ano, o Nubank já tinha sido avaliado em US$ 30 bilhões.

Apenas bancos estrangeiros - entre eles Citi, Goldman Sachs e Morgan Stanley - participam da coordenação da oferta, o que não é usual em relação a empresas brasileiras, segundo fontes do mercado com conhecimento do caso.

A Nu Holding pediu registro à SEC (Securities and Exchange Commission) de listagem de ações ordinárias Classe A nos EUA. No Brasil, parte dessas ações serão agrupadas na forma de BDRs patrocinados pela empresa, com negociação na B3. O processo já vinha ocorrendo havia alguns dias na SEC, mas se tornou público nesta quarta devido ao processo envolvendo BDRs e os reguladores brasileiros, disseram as fontes.

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Veja também: David Vélez: “É um equívoco pensar que o Nubank é só para millenials”

Ainda não há informações sobre o número de ações que serão vendidas, nem a faixa de preço proposta para a oferta, o que permitiria estimar o valor da empresa e da captação de recursos almejada. “A oferta pública inicial deverá começar após a SEC e a CVM concluírem seus respectivos processos de revisão, sujeito ao mercado e outras condições”, diz a empresa em comunicado.

No mês passado, o Nubank reportou o seu primeiro lucro desde o lançamento há oito anos. A fintech, que começou com emissora de cartões, teve lucro líquido de R$ 76 milhões no primeiro semestre no Brasil. À época, o Nubank atribuiu o resultado positivo ao crescimento das receitas de intermediação financeira, que somaram R$ 4 bilhões no primeiro semestre - 92% superior ao obtido no mesmo período do ano anterior. Os números apresentados diziam respeito somente às operações no Brasil, concentradas na Nu Pagamentos S.A e suas subsidiárias.

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Naquela divulgação, o Nubank destacava ainda que encerrou junho com mais de 41 milhões de clientes, crescimento de 25% em relação ao semestre anterior e de 60% nos últimos 12 meses. A empresa informou ainda que os clientes movimentaram R$ 92 bilhões em transações no período, alta de 105% em relação ao mesmo período do ano passado.

(atualizado às 12h30 com informações de mercado)

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Toni Sciarretta

News director da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista com mais de 20 anos de experiência na cobertura diária de finanças, mercados e empresas abertas. Trabalhou no Valor Econômico e na Folha de S.Paulo. Foi bolsista do programa de jornalismo da Universidade de Michigan.