Bloomberg Línea — A Nu Holdings, controladora do Nubank, deu entrada em seu pedido de oferta inicial de ações (IPO) nos EUA, com listagem simultânea no Brasil por meio de BDRs (recibos de ações estrangeiras). A operação é uma das mais aguardadas de uma empresa de origem brasileira, que deve ocorrer ainda neste ano e mesmo em meio às turbulências do mercado local.
O pedido, no entanto, conta com cláusula de confidencialidade, o que restringe o acesso público às informações relacionadas à oferta e aos negócios da empresa. A empresa escolheu listar as ações na NYSE, a bolsa de Nova York, após concorrência com a Nasdaq, segundo fontes que pediram para não ser identificadas.
A operação deve movimentar mais de US$ 2 bilhões e a empresa pode chegar a mercado com um valor de mercado acima de US$ 50 bilhões, maior do que a dos grandes bancos brasileiros. Quando o megainvestidor Warren Buffett, da Berkshire Hathaway, fez um aporte de US$ 500 milhões na empresa neste ano, o Nubank já tinha sido avaliado em US$ 30 bilhões.
Apenas bancos estrangeiros - entre eles Citi, Goldman Sachs e Morgan Stanley - participam da coordenação da oferta, o que não é usual em relação a empresas brasileiras, segundo fontes do mercado com conhecimento do caso.
A Nu Holding pediu registro à SEC (Securities and Exchange Commission) de listagem de ações ordinárias Classe A nos EUA. No Brasil, parte dessas ações serão agrupadas na forma de BDRs patrocinados pela empresa, com negociação na B3. O processo já vinha ocorrendo havia alguns dias na SEC, mas se tornou público nesta quarta devido ao processo envolvendo BDRs e os reguladores brasileiros, disseram as fontes.
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Ainda não há informações sobre o número de ações que serão vendidas, nem a faixa de preço proposta para a oferta, o que permitiria estimar o valor da empresa e da captação de recursos almejada. “A oferta pública inicial deverá começar após a SEC e a CVM concluírem seus respectivos processos de revisão, sujeito ao mercado e outras condições”, diz a empresa em comunicado.
No mês passado, o Nubank reportou o seu primeiro lucro desde o lançamento há oito anos. A fintech, que começou com emissora de cartões, teve lucro líquido de R$ 76 milhões no primeiro semestre no Brasil. À época, o Nubank atribuiu o resultado positivo ao crescimento das receitas de intermediação financeira, que somaram R$ 4 bilhões no primeiro semestre - 92% superior ao obtido no mesmo período do ano anterior. Os números apresentados diziam respeito somente às operações no Brasil, concentradas na Nu Pagamentos S.A e suas subsidiárias.
Naquela divulgação, o Nubank destacava ainda que encerrou junho com mais de 41 milhões de clientes, crescimento de 25% em relação ao semestre anterior e de 60% nos últimos 12 meses. A empresa informou ainda que os clientes movimentaram R$ 92 bilhões em transações no período, alta de 105% em relação ao mesmo período do ano passado.
(atualizado às 12h30 com informações de mercado)
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