Hertz firma parceria com Uber e Carvana e foca em carros elétricos

Para os motoristas da gigante de compartilhamento de carona, subsídios; para quem deseja adquirir um carro seminovo, disponibilidade para retirada no dia seguinte

Medida deve acelerar migração para combustíveis limpos
Por Erik Schatzker
27 de Outubro, 2021 | 03:59 PM

Bloomberg — A Hertz Global Holdings, que acaba de fazer um pedido de 100 mil Teslas, chegou a um acordo exclusivo para fornecer veículos elétricos aos motoristas da Uber e contratou a Carvana para se desfazer dos carros alugados que não deseja mais.

Em conjunto, os negócios representam um trio de iniciativas agressivas e inovadoras com o potencial de repaginar o negócio de aluguel de automóveis e acelerar a transição para fontes de combustível mais ecológicas. A encomenda de US$ 4,2 bilhões em carros na segunda-feira (25), a maior de todos os tempos para veículos elétricos, foi um momento decisivo que impulsionou o valuation da Tesla para mais de US$ 1 trilhão.

A grande surpresa: a empresa por trás de tudo mal saiu da falência. Há apenas 17 meses, no auge da pandemia de Covid-19, a Hertz, com sede em Estero, na Flórida, estava tão preocupada e seu futuro era tão incerto que ela foi forçada a buscar a proteção dos credores. Agora, sob o controle de fundos de hedge e detentores de capital privado, a Hertz está se voltando para a tecnologia móvel e a digitalização para transformar um setor enfadonho conhecido por seus carros pouco inspiradores e experiências ruins para o cliente.

Em acordo com a Uber Technologies, os motoristas da gigante de compartilhamento de viagens que anteriormente tinham de utilizar e manter seus próprios veículos elétricos, poderão alugar um Tesla na Hertz a partir de 1º de novembro. É uma alternativa para comprar ou alugar um veículo e, de acordo com a Hertz, será mais barato do que qualquer uma dessas opções.

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“Este é o momento de promover uma recuperação ecológica da pandemia”, disse Dara Khosrowshahi, CEO da Uber, com sede em São Francisco, em comunicado em conjunto com a Hertz.

Nova estratégia

A parceria com a Uber e a Carvana, com sede em Phoenix, aborda dois pontos fracos importantes no negócio de aluguel de veículos: a utilização de ativos – com que frequência um carro é alugado – e a recuperação na revenda – que percentual do preço de compra é recuperado na venda do carro. Ao abrir parte de sua frota de veículos elétricos, a Hertz visa maximizar a receita por veículo e melhorar as margens de lucro.

Por meio do novo acordo com a Carvana, um dos dois maiores mercados de automóveis on-line, a Hertz espera eliminar os descontos necessários na venda de veículos de sua frota por meio de concessionárias e atacadistas. Os consumidores poderão comprar diretamente e retirar os carros já no dia seguinte, e a Carvana recebe uma comissão.

No acordo com a Uber, os motoristas pagarão uma taxa semanal por quilometragem ilimitada nos veículos elétricos da Hertz, além de despesas para recarga e danos acidentais. A Hertz, como acontece com todos os seus aluguéis, cobre ou absorve os custos de financiamento, manutenção básica, seguro e depreciação. A Uber oferece aos motoristas um incentivo de emissão zero de US$ 1 por viagem para o uso de veículos elétricos e 50 centavos para cada piloto que optar por ser ecológico.

A Hertz aluga seus veículos para motoristas da Uber desde 2016. O novo acordo tem como base esse programa, adicionando pelo menos 50 mil Teslas ao conjunto de veículos disponíveis até 2023. Os novos veículos elétricos estarão disponíveis primeiro em Los Angeles, São Francisco, San Diego e Washington; o lançamento nacional ocorrerá nas próximas semanas.

Novos investidores

A Knighthead Capital Management, um fundo de hedge de dívidas de risco, e a Certares Management, uma empresa de aquisições especializada em viagens, venceram o leilão de falência da Hertz com uma oferta de US$ 6 bilhões. As iniciativas anunciadas ocorrem antes de uma nova listagem das ações da Hertz na Nasdaq.

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Os primeiros indícios são de que a estratégia está dando resultado. O valuation de mercado da Hertz, com base no trading de balcão, saltou cerca de US$ 1,2 bilhão na segunda-feira (25) depois do anúncio do acordo com a Tesla e ficou em US$ 12,9 bilhões no fechamento de terça-feira (26).

As ações da Uber caíram 9,8% neste ano, fechando a terça-feira (26) a US$ 46,02, enquanto as da Carvana subiram 22%, chegando a US$ 291,56.

--Com assistência de Giles Turner.

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