Bloomberg — Um grupo de banqueiros veteranos e investidores de private equity no Texas identificou uma oportunidade enquanto a economia cambaleava há uma década. Captaram US$ 1 bilhão, compraram instituições falidas e batizaram seu novo banco de Cadence.
Mas, em 2017, suas 13 agências em Houston estavam localizadas apenas em bairros majoritariamente brancos, de acordo com um processo do Departamento de Justiça dos EUA, que acusou o banco em agosto do chamado “redlining”, um tipo de mapeamento de áreas supostamente arriscadas para hipotecas. O banco rapidamente fechou um acordo de US$ 8,5 milhões para arquivar o processo enquanto executivos davam os últimos retoques em seu próximo negócio: uma venda de US$ 2,8 bilhões para o BancorpSouth.
O maior controle do governo dos EUA contra essa prática chega em um momento particularmente complicado para o setor financeiro. Não apenas a consciência da sociedade sobre a desigualdade racial aumentou, mas banqueiros também têm pressionado autoridades governamentais a aprovarem fusões e aquisições em um dos ritmos mais rápidos desde a crise financeira de 2008. Para ter suas remunerações vinculadas a esses acordos, mais executivos podem se sentir pressionados a resolver queixas do governo.
Veja mais: Multinacionais abrem inscrições para programa de trainee no Brasil para 2022
“Os bancos tendem a arquivar processos para abrir caminho”, disse Richard Horn, ex-advogado sênior do Consumer Financial Protection Bureau. “Se estão buscando obter aprovação do regulador bancário para uma atividade específica - uma fusão ou outra coisa - não é bom ter queixas pendentes sobre empréstimos justos.”
Ao contrário de um século atrás, o redlining não é mais a história de mapas racistas desenhados por autoridades federais que impediam minorias de conseguir hipotecas. Tem a ver com executivos do setor financeiro em busca de empresas de hipotecas em comunidades brancas enquanto negligenciam negros e hispânicos nos arredores.
No ano passado, a agência abriu uma ação judicial contra um dos clientes de Horn, a Townstone Financial, que agora é contestada pela corretora de hipotecas.
Mas os líderes da Cadence chegaram a uma decisão diferente. O acordo fechado faz parte de um padrão nos últimos anos de bancos que arquivam investigações à medida que fecham negócios.
“Após a aquisição de um banco com sede em Houston em meados de 2012, reconhecemos que o programa de empréstimos hipotecários não estava onde queríamos”, disse Paul B. Murphy, Jr., que comanda o Cadence Bancorp. Depois de fazer melhorias, “a porcentagem de nossas hipotecas residenciais em Houston em bairros de minorias atingiu 50% ou mais, ultrapassando nossos pares. Estamos satisfeitos com nossos resultados hoje.”
Veja mais em bloomberg.com
Leia também
Nubank desiste da Nasdaq e escolhe bolsa de Nova York para IPO: Fonte
©2021 Bloomberg L.P.