Aeronautas ameaçam greve em novembro; ações da Azul e Gol desabam

Uma das reivindicações da categoria é que os salários sejam reajustados a partir de 1º de dezembro de 2021

Convocação de greve pelos aeronautas ocorre no contexto de retomada de voos pelas companhias aéreas e proximidade de dezembro, mês crucial para as receitas do setor
26 de Outubro, 2021 | 01:43 PM

São Paulo — Na próxima quinta-feira (28), os sindicatos das companhias aéreas e dos aeronautas têm uma reunião marcada para uma nova rodada de negociações, a fim de evitar uma greve dos tripulantes convocada para o próximo dia 20 de novembro.

Uma das reivindicações da categoria é que os salários dos aeronautas sejam reajustados, a partir de 1º de dezembro de 2021, pelo percentual do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) acumulado de 1º de dezembro de 2019 a 30 de novembro deste ano.

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Esta greve potencial afetaria a Azul e Gol, e o ajuste salarial acima da inflação também poderia afetar as margens, uma vez que estas empresas ainda estão tentando aumentar as passagens para mitigar o impacto dos preços mais altos do combustível de aviação e um real mais fraco”, comentaram os analistas Victor Mizusaki (Bradesco BBI) e Wellington Lourenço (Ágora Investimentos), em nota conjunta enviada aos clientes.

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  • As ações da Azul chegaram hoje a cair na B3 mais de 6%, enquanto os papéis da Gol desabaram mais de 5%.

Ontem, o SNA (Sindicato Nacional dos Aeronautas) aprovaram, em votação online, o início de procedimentos para a instauração de movimento grevista, caso não seja formalizada a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho da categoria até o próximo dia 20 de novembro.

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Segundo nota da entidade, foram registrados 95,53% de votos a favor, 3,22% de votos contrários e 1,25% de abstenções. Participaram da deliberação 6.178 votantes.

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Na reunião realizada no último dia 20, o Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias) negou a possibilidade de ultratividade da atual CCT, ou seja, não garantiu a manutenção das cláusulas atuais da convenção em caso de um novo acordo não ter sido fechado até a data-base da categoria (1º de dezembro), informou o SNA, em nota.

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“O eventual fim da vigência do instrumento coletivo acarreta a eliminação imediata de diversos direitos sociais e econômicos, além do fim de regramentos operacionais essenciais que se encontram previstos exclusivamente neste documento, com impacto negativo, inclusive, para as próprias empresas. Diante dos graves riscos envolvidos para a segurança de voo com a possibilidade de queda repentina de normas que regem a profissão, a categoria expressou sua indignação com a expressiva votação a favor da possibilidade de um movimento grevista.Lembramos ainda que a categoria vem de um período em que se viu obrigada a firmar acordos coletivos para suspensão de contratos, licenças não-remuneradas e redução de jornadas e salários”, disse o SNA.

O SNEA informa, por sua vez, que iniciou as negociações da Convenção Coletiva de Trabalho para todo o setor de aviação no último dia 22.

“O SNEA e suas associadas apresentaram às Federações e Sindicatos dos Aeroviários, assim como ao Sindicato dos Aeronautas, informações do setor da aviação que ainda sofre com os impactos gerados pela pandemia da Covid-19 e que necessitam de esforços conjuntos para a recuperação e estabilidade, pois o setor acumula um prejuízo de bilhões de reais, que foi agravado com as perdas geradas durante a pandemia. Na ocasião, o SNEA e suas associadas apresentaram ao SNA Aeronautas uma pauta de intenções a serem avaliadas nas próximas reuniões e, aos Aeroviários, informou que enviará a pauta com as intenções do SNEA antes da próxima reunião de 28 de outubro”, diz o sindicato patronal, em seu site.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.