Evino compra Grand Cru e cria empresa de R$ 700 milhões

Aquisição e mudança no ranking de importadores agita mercado do vinho no Brasil: também hoje, Wine supera Concha y Toro e torna-se maior importador do Brasil

Os três milhões de novos consumidores que passaram a consumir a bebida no ano passado gastaram menos
25 de Outubro, 2021 | 07:56 PM

Bloomberg Línea — O mercado de vinhos viveu um dia de reviravolta. A varejista online de vinhos Evino anunciou hoje a compra da Grand Cru, rede que, apesar de também realizar vendas no ambiente digital, tem sua fortaleza de comércio nas 110 lojas físicas que possui. O valor do negócio não foi revelado, mas a nova empresa que nasce a partir da aquisição tem um faturamento projetado de R$ 700 milhões e passa a ser, segundo a Evino, o maior grupo varejista de vinhos importados do Brasil.

“Desde o ano passado vínhamos discutindo como aumentar nosso impacto no mercado, elevar a oferta de vinhos premium e acelerar o trabalho no modelo multicanal”, afirma Ari Gorenstein, co-CEO da Evino. O executivo lembra que os dois grupos possuem negócios complementares, tanto de portfólio, clientes, geografia e canais de venda.

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Para Alexandre Bratt, CEO da Grand Cru, a empresa possui uma relação de produtos de padrão mais elevado, enquanto a Evino trabalha com linhas de entrada. “Há muito pouca sobreposição. A empresa nasce como um player que atua verdadeiramente em 360 graus e entrega uma proposta de valor melhor tanto para clientes quanto para fornecedores”, afirma.

A consolidação do mercado de vinhos do Brasil ocorre em um momento em que o volume cresce, mas o faturamento do setor recua. Segundo Bratt, apesar do consumo per capita no Brasil ter passado de 2,1 litros para 2,7 litros no ano passado, as vendas da indústria recuaram 2%. Os três milhões de novos consumidores que passaram a consumir a bebida gastaram menos, reduzindo a receita do setor.

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Apesar do cenário, o foco nos vinhos premium da Grand Cru devem garantir à empresa neste ano uma receita aproximada de R$ 310 milhões, número que representa um crescimento de 35% em comparação aos R$ 230 milhões do ano passado. Na Evino, a expectativa é de estabilidade, com vendas de R$ 400 milhões.

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Mesmo com a maior amplitude, a nova empresa ainda não consegue assumir a liderança na importação de vinhos. Segundo dados da Ideal Consulting, o topo do ranking também mudou de mãos. A Wine, principal concorrente da Evino, superou a Concha y Toro em agosto com a importação de US$ 31 milhões em vinho.

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Em grande medida, a nova posição da Wine se deve à aquisição da importadora Cantu, realizada em maio por R$ 180 milhões. “Trabalhamos nos últimos 18 meses, num cenário internacional único e desafiador, para aumentar a relação preço e qualidade”, afirma German Garfinkel, diretor de B2B e Supply da Wine.

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Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.