Bloomberg Opinion — Já faz um tempo que o Google virou concorrente no mundo dos smartphones. Mas a partir desta semana, a unidade da Alphabet pode ter finalmente descoberto como competir com seu principal rival, a fabricante do iPhone: o silício personalizado.
O Google apresentou o Pixel 6 e o Pixel 6 Pro, ambos com um novo processador principal projetado pelo próprio Google, chamado Tensor. Junto com os aprimoramentos anuais habituais, incluindo um novo design, telas aprimoradas com alta taxa de atualização, vida útil da bateria mais longa e câmeras melhores, os dois modelos agora podem oferecer recursos especiais com o hardware adicional.
O que os Pixels mais recentes podem fazer que os rivais não podem? Na apresentação de terça-feira (19), o Google se concentrou em suas proezas de inteligência artificial voltadas para a fotografia e o reconhecimento de voz. Recursos futuristas incluem o “Magic Eraser”, que permite aos usuários remover uma pessoa ou um objeto de uma foto no dispositivo. Também existe o “Reversão de Desfoque de Rosto”, que pode deixar mais nítido o rosto desfocado de uma pessoa. Além disso, o telefone oferece melhores recursos de reconhecimento de voz - desde maior precisão na digitação por voz até a tradução em tempo real em 48 idiomas.
Mas talvez o movimento mais agressivo do Google seja o preço dos Pixels. Apesar das funções de última geração do telefone, a empresa está baixando o preço de seu modelo padrão. O Pixel 6 e o Pixel 6 Pro de tela maior estarão disponíveis nas lojas em 28 de outubro e vão custar US$ 599 e US$ 899 - significativamente menos do que o iPhone 13 Pro e 13 Pro Max - que seriam comparáveis aos dois modelos - que custam US$ 999 e US$ 1.099, respectivamente.
Todos os Pixels anteriores tinham processadores Snapdragon da Qualcomm, fabricante de chips sediada em San Diego, que é quem mais tem a perder com o anúncio de lançamento dos novos Pixels. Pode ser que a Qualcomm não tenha mais a escala necessária para competir no mundo dos smartphones: a empresa prevê um gasto de cerca de US$ 6 bilhões em pesquisa e desenvolvimento neste ano fiscal, que termina em setembro. A Apple - embora esteja trabalhando em outros aspectos além dos chips - vai gastar, comparativamente, US$ 22 bilhões.
O Google sabe que deve usar toda a potência do seu arsenal financeiro para competir com sua rival de mercado de vários trilhões de dólares. E, como a Apple, ao produzir seus próprios chips, o Google poderá integrar ainda mais softwares e hardwares para otimizar o desempenho e oferecer recursos mais atraentes.
O Pixel ainda tem um longo caminho a percorrer quando o assunto é competir com o iPhone e o ecossistema de software e serviços da Apple. Segundo a StatCounter, os telefones Pixel detém apenas 2% do mercado norte-americano, em comparação com 53% do iPhone e 28% dos dispositivos Galaxy, da Samsung.
Agora, porém, a combinação potente de inovação singular e preço mais baixo pode finalmente dar uma boa impulsionada nos negócios, revertendo cinco anos de desempenho medíocre do Pixel. O Google é finalmente uma forte candidata a entrar na disputa dos smartphones mais desejados.
Tae Kim é colunista da Bloomberg Opinion e escreve sobre tecnologia. Ele já desempenhou esta função na Barron’s, depois de uma breve carreira como analista de mercado.
Os editoriais são escritos pela diretoria editorial da Bloomberg Opinion
Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial ou da Bloomberg LP e de seus proprietários.
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