Exigência só de ‘teste de farmácia’ pode incentivar viagem aos EUA

Só com teste de antígeno, mais rápido e barato, sem a necessidade do exame PCR, brasileiro poderá entrar e sair dos Estados Unidos

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São Paulo — A partir do próximo dia 8 de novembro, brasileiros vacinados, com visto em dia, poderão entrar nos EUA em voos partindo do Brasil, sem a necessidade de cumprir quarentena no México ou Caribe. A reabertura das fronteiras aéreas entre os dois países traz outra novidade: basta um “teste de farmácia”, de antígeno para Covid-19, na ida e na volta, para atender a uma das exigências das autoridades.

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Antes, só valia o teste RT-PCR, que é mais caro e demora para sair o resultado. O setor turístico aposta que a simplificação do protocolo sanitário pode incentivar o turista a planejar uma viagem aos EUA. As companhias aéreas também estão otimistas e passaram as últimas semanas ampliando a oferta de voos para os próximos meses.

É o caso da American Airlines, que deixou de fazer a rota Brasil-EUA de março a junho do ano passado, quando as fronteiras foram fechadas devido à declaração de pandemia do novo coronavírus pela OMS (Organização Mundial da Saúde). A companhia aérea, que fechou um acordo de compartilhamento de voos com a Gol, opera hoje 16 voos semanais no Brasil e espera chegar aos 38 voos nas semanas de pico de dezembro.

“Para o embarque para os EUA, pode ser o antígeno e também, agora mais recente, para retornar ao Brasil, pode ser o antígeno. Não precisa mais ser o RT-PRC. O antígeno é mais barato, sai em um curto prazo de tempo, é o nosso famoso teste de farmácia aqui no Brasil, que em 15 minutos você tem o resultado. Em alguns países, leva mais um pouco de tempo. O máximo que vi em outros países chega a 2 horas”, diz Alexandre Cavalcanti, diretor de vendas da American Airlines para o Brasil, em entrevista à Bloomberg Línea.

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Ele recomenda aos viajantes antecipar ao máximo a validação dos documentos exigidos pelas autoridades para evitar contratempos no aeroporto. A American Airlines disponibiliza o aplicativo VeriFLY para os clientes baixar e fazer o upload de sua documentação de vacinas para viajar.

No último dia 5 de outubro, o Diário Oficial da União publicou a portaria nº 658, assinada por quatro ministérios (Casa Civil, Saúde, Infraestrutura e Justiça), estabelecendo as medidas excepcionais e temporárias para entrada no Brasil, após negociações bilaterais para a reabertura das fronteiras aéreas. O documento estabelece que, antes do embarque, o viajante tem de apresentar à companhia aérea responsável pelo voo a comprovação de realização de teste para rastreio da infecção pelo coronavírus, com resultado negativo ou não detectável. A portaria estabelece que o teste de antígeno tem de realizado em até 24 horas anteriores ao momento do embarque, enquanto o laboratorial RT-PCR tem de ser realizado em até 72 horas antes.

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A exigência do RT-PCR obrigava o viajante a procurar um laboratório com três dias de antecedência. Gabriela Figueiredo, sócia e diretora da Matueté, agência produtora de viagens no segmento de luxo, conta o caso de um cliente que se confundiu com a contagem das horas e fez o exame um pouco acima das 72 horas e acabou impedido de embarcar. “Durante a pandemia, mudou a experiência de viagem, e muitos ficam desapontados”, diz.

Além da American Airlines, a Latam planeja aumentar a oferta de voos para os EUA. A companhia chilena, em recuperação judicial, anunciou que vai retomar o seu voo direto São Paulo/Guarulhos-Orlando com 3 voos semanais a partir de dezembro.a partir de novembro, a companhia também amplia a operação São Paulo/Guarulhos-Miami (de 3 para 4 voos por semana). A partir de dezembro, São Paulo/Guarulhos-Miami terá 7 voos por semana, e a companhia também ampliará a operação São Paulo/Guarulhos-Nova York/JFK (de 3 para 7 voos por semana).

América Latina

Com a retomada gradual dos voos entre Brasil e EUA, o ranking dos principais mercados da América Latina deve sofrer alterações em suas posições. O Brasil perdeu o protagonismo para o México, que serviu de portão de entrada para os EUA e atraiu muitos brasileiros que eram obrigados a cumprir antes quarentena no país. A Argentina também se destacou no período da pandemia, pois o Brasil era o único país da região a sofrer as maiores restrições impostas pelos outros países diante da tragédia dos contágios e das mortes em epicentros em estados como Amazonas, Ceará, Rio de Janeiro e São Paulo.

“O Brasil sempre foi o 1º, mas durante a pandemia a gente provavelmente perdeu essa 1ª posição e agora tenho certeza de que em alguns meses o Brasil já vai ser o maior pedaço da América Latina. Hoje, o México, com seus destinos de lazer e com as rotas que operamos, seria o maior”, afirma o executivo da American Airlines.

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A companhia aérea norte-americana já captou uma disparada no número de clientes em busca de informações sobre reservas de passagens para os EUA. Há desde brasileiros com patrimônio nos EUA, como um apartamento, a pessoas com dupla nacionalidade ou com parentes e amigos morando fora. Essa é a demanda inicial por passagens, segundo Cavalcanti.

A Latam também expressa otimismo com o retorno dos brasileiros aos EUA a partir de novembro. “Com o avanço da vacinação e a flexibilização de regras para entrada em outros países, os brasileiros estão cada vez mais confiantes para programar suas viagens e a demanda pelas férias escolares e festas do ano é crescente”, afirmou Diogo Elias, diretor de vendas e marketing da Latam Brasil, em nota.

Custos

A Casa Branca já divulgou que os EUA vão aceitar os agentes imunizadores Coronavac, AstraZeneca/Oxford, Pfizer/BioNTech e Johnson & Johnson (dose única da Janssen). Os consulados brasileiros nos EUA já divulgam a portaria publicada no Diário Oficial no começo do mês, a fim de informar os viajantes sobre as novas regras. Em Los Angeles, o site do consulado publicou que o viajante de procedência internacional, brasileiro ou estrangeiro, deverá apresentar, antes do embarque, dois documentos: a comprovação de realização de teste laboratorial (dos tipos RT-PCR ou antígeno) e a Declaração de Saúde do Viajante (DSV) preenchida.

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Em São Paulo, na região turística da Avenida Paulista, encontra-se farmácia vendendo teste de antígeno por R$ 110, com promessa de entrega do resultado em 15 minutos. No Aeroporto Internacional de Guarulhos, é possível fazer o exame. A CR Diagnósticos, que atua no terminal, informa, em seu site, que cobra R$ 200 pelo teste de antígeno com entrega do laudo em até 1 hora, enquanto o RT-PCR custa R$ 350, com promessa de entrega em até 4 horas.

Mas exigir teste dos passageiros funciona para controlar a pandemia? Concorrente da American Airlines, a norte-americana Delta divulgou resultado de um estudo apontando que o risco de exposição à Covid-19 durante uma viagem depois que todos os passageiros apresentaram teste com resultado negativo para o vírus 72 horas antes de seu voo é inferior a 0,1%. A pesquisa chegou a essa conclusão após examinar dados de clientes reais nos corredores de voo da Delta com testagem para o novo coronavírus entre Nova York-JFK, Atlanta e o Aeroporto Internacional Fiumicino, na Itália.

Segundo a Delta, o estudo revisado por parceiros especialistas e publicado na publicação médica mensal Mayo Clinic Proceedings mostrou que um único teste molecular de Covid-19 realizado com antecedência de 72 horas à partida pode diminuir a taxa de pessoas ativamente infectadas a bordo de uma aeronave comercial a um nível significativamente abaixo das taxas de infecção ativa da comunidade.

Por exemplo, quando o índice médio de infecção da comunidade era de 1,1%, ou cerca de uma em 100 pessoas, a taxa de contaminação em voos com passageiros testados para Covid-19 era de 0,05%, ou 5 entre 10 mil viajantes. O Departamento de Saúde da Georgia e a Mayo Clinic conduziram o estudo em conjunto com a Delta.

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