Bloomberg — O setor financeiro defende uma revisão das regras globais de capital para garantir que os bancos continuem negociando nos mercados de emissões de carbono.
A Associação Internacional de Swaps e Derivativos (ISDA, na sigla em inglês) propõe medidas que reduziriam em mais da metade o nível de capital que os bancos são obrigados a reservar para evitar que perdas com certificados de carbono ameacem sua solvência.
O grupo formado por mais de 200 bancos, seguradoras e corretoras de commodities afirma que a exigência estabelecida pelo Comitê de Supervisão Bancária de Basileia exagera os riscos e aumenta os custos a um ponto proibitivo.
As propostas chegam em um momento em que governos ao redor do mundo adotam novas regras de capital para o setor, definidas por Basileia. A Comissão Europeia deve publicar um rascunho da legislação este mês.
O plano de Basileia teria “grande impacto para os bancos atuantes no comércio de carbono”, disse Gregg Jones, diretor de risco e capital na ISDA. “É uma questão global e não confinada a uma jurisdição qualquer.”
O mercado europeu de carbono, o primeiro do mundo, passou por períodos de extrema volatilidade. Dois anos após sua criação, em 2005, os preços despencaram para perto de zero. Este ano, as cotações dispararam quase 80%, embaladas por especulação, regras climáticas mais rígidas e o custo recorde do gás natural.
Como parte de uma revisão nas exigências de capital após a crise financeira, o Comitê de Basileia definiu uma ponderação de risco de 60% para certificados de carbono, quase o dobro do nível aplicado a carvão, petróleo e urânio. As ponderações de risco refletem a probabilidade de um ativo perder valor. Quanto mais volátil, maior será o peso de risco e a exigência de capital.
“Essencialmente, isso tira capital de outras atividades e torna um negócio menos viável economicamente ou menos atraente”, disse Panayiotis Dionysopoulos, responsável pela área de capital da ISDA. “É assim que os bancos vão enxergar essas linhas de negócios.”
A Comissão Europeia tem conhecimento da proposta da ISDA, mas se recusou a comentar além disso, disse um porta-voz, citando o lançamento iminente da proposta de implementação das recomendações de Basileia.
De acordo com a Autoridade Bancária Europeia, os certificados constituem uma “porção muito pequena” do balanço patrimonial dos bancos e são caracterizados por “um grau significativo de sazonalidade” que afeta a liquidez. A entidade indicou que pode mudar sua postura à medida que o mercado amadurece.
“Parece um mercado que tende a crescer em importância no futuro e provavelmente se tornará mais robusto”, afirmou Lars Overby, responsável por métricas de risco na Autoridade Bancária Europeia.
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