São Paulo — “Cinco ações para tempos turbulentos”. Esse é o título de um relatório do Itaú BBA enviado aos clientes nesta semana com a eclosão da crise do furo do teto de gastos públicos há três dias. A equipe de estratégia do banco montou uma “carteira de crise” com apostas em ações de empresas que podem se beneficiar de um cenário adverso.
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“Não dá para negar que a perspectiva é de um cenário desafiador para o mercado acionário nos próximos 12 meses. No pano de fundo estão a atividade econômica mais fraca - com inflação ainda elevada -, os juros altos e o real enfraquecido frente ao dólar, além da maior volatilidade tradicional de períodos pré-eleitorais. Ambientes como esse exigem cautela e racionalidade por parte do investidor para identificar boas oportunidades”, escrevem os analistas do Itaú BBA, Marcelo Sá e Matheus Marques.
Os dois identificaram cinco companhias capazes de atravessar esse momento de incertezas na economia brasileira, a um ano da eleição presidencial. Confira as teses de investimentos do Itaú BBA.
- Carrefour (CRFB3), recomendação de compra, preço-alvo: R$ 30 ao fim de 2021
“Empresas do setor de varejo alimentício tendem a ser mais resilientes em períodos turbulentos na economia, além de conseguirem repassar o ajuste da inflação para seus consumidores. Sobre o Carrefour, destacamos o Atacadão, divisão de atacarejo da empresa, que representa cerca de dois terços do EBITDA da companhia e que tende a se beneficiar de um cenário em que os consumidores buscam formas de economizar nas compras. As ações do Carrefour estão negociando a um múltiplo Preço / Lucro em 2022 de 10,9 vezes, 22% abaixo de seu par Assaí, que tem 100% da operação de atacarejo”
- Eneva (ENEV3), recomendação de compra, preço-alvo: R$ 18,60 ao fim de 2022
“Eneva é a melhor ação para navegar no cenário de crise hídrica no País. A empresa de geração térmica se beneficia do contexto de preços elevados de energia e das oportunidades de crescimento, com relativamente pouca competição. Destacamos ainda a potencial aquisição do complexo de Urucu como forte direcionador, considerando as enormes reservas de gás natural, e estimamos que pode gerar R$ 7,9 bilhões de valor (R$ 6,30 por ação)”.
- Gerdau (GGBR4), recomendação de Compra, preço-alvo: R$ 40 ao fim de 2022
“Gerdau é nossa preferida no setor de Mineração e Siderurgia. Trata-se de uma empresa “pura” de siderurgia, enquanto os pares mais próximos - Usiminas e CSN - têm exposição elevada a mineração e, consequentemente, tendem a sofrer mais com a queda do minério de ferro e com a atividade econômica na China. Além disso, a Gerdau tem exposição relevante a mercados fora do Brasil (entre 30% e 40% do seu EBITDA), de forma que pode se beneficiar de um real mais fraco, além de ser menos sensível à atividade econômica local”.
- JBS (JBSS3), recomendação de compra, preço-alvo: R$ 47 ao fim de 2021
“Um dos grandes destaques da última temporada de balanços, a JBS tem cerca de 75% de suas receitas vindas de divisões internacionais, e, portanto, é beneficiada pelo atual cenário de dólar mais forte. Vale ressaltar o desempenho da divisão de bovinos nos EUA, que vem apresentando margens fortes devido a um momento ainda favorável do ciclo de preço do gado americano. Esse ciclo deve se alterar a partir do próximo ano, mas o portfólio bem diversificado da empresa deve sustentar um balanço saudável e resultados fortes”.
- WEG (WEGE3), recomendação neutra, preço-alvo: R$ 46 ao fim de 2021
“A WEG é uma empresa que vem surpreendendo o mercado com resultados fortes, com uma estratégia clara de longo prazo e um balanço saudável. Do ponto de vista de alocação, possui grande parte de suas receitas ligadas ao mercado externo (56% em 2020), mas que também devem ter impacto limitado de um cenário de inflação elevado. Isso porque, por ser líder nos principais segmentos em que atua no Brasil, consegue negociar aumento de preços com seus clientes”.
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