Bloomberg — Investidores reforçam apostas de que os principais bancos centrais vão subir juros mais cedo do que planejaram e mais rápido do que gostariam.
Operadores do mercado de renda fixa estão prevendo elevação de juros nas economias desenvolvidas e os títulos globais caminham para o pior ano desde 2005, de acordo com um índice da Bloomberg.
Na visão deles, os bancos centrais, que recomendam paciência desde o surgimento da Covid-19, estão mudando a rota. As autoridades agora parecem mais preocupadas com a persistência da inflação que veio com a pandemia e mais dispostas a elevar os custos de captação para conter o avanço de preços.
A virada é mais evidente no Banco da Inglaterra. Poucas palavras proferidas no fim de semana pelo comandante Andrew Bailey — “teremos que agir” — foram suficientes para impulsionar apostas no aperto da política monetária. Algumas semanas atrás, Bailey dizia que a economia ainda enfrentaria momentos “difíceis”.
Os mercados agora antecipam aumento de juros no Reino Unido já no mês que vem. E entendem que outros países também vão deixar o dinheiro barato para trás.
Aperto maior nos EUA?
Os instrumentos financeiros precificam 0,5 ponto percentual de aumento na taxa básica de juros pelo Federal Reserve dos EUA até o final de 2022. A expectativa é que outras economias desenvolvidas façam múltiplos acréscimos nos juros até lá.
Não é esta a perspectiva que os bancos centrais têm apresentado nos últimos 18 meses. Em vez disso, as autoridades afirmam que a inflação pandêmica recuará em breve e que os juros devem permanecer baixos para apoiar o crescimento econômico e a geração de empregos — argumento com o qual muitos investidores concordam.
“Se o Fed subir muito rápido”, então “poderia perceber de repente que a demanda global desapareceu e o crescimento doméstico se desaceleraria”, disse Peter Chatwell, estrategista-chefe multiativos na Mizuho International. “Achamos que um aumento pelo Fed no quarto trimestre de 2022 seria prematuro.”
Mas a retórica das autoridades mudou porque um número crescente de indicadores importantes — incluindo os mercados de petróleo, transporte marítimo, consumo e emprego — sugerem que as pressões de preços continuarão.
Com a inflação já acima da meta em quase toda parte, nem os bancos centrais mais flexíveis devem ignorar esses sinais.
“Os próximos meses serão críticos para avaliar se os altos números da inflação que observamos são transitórios”, disse um diretor do Fed, Christopher Waller, na terça-feira. “Se resultados mensais de inflação continuarem elevados pelo resto do ano, pode ser justificada uma resposta mais agressiva do que apenas a redução gradual de estímulos em 2022.”
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