São Paulo — A ação da operadora de turismo CVC atingiu, nesta sexta-feira (22), a menor cotação desde o dia 19 de março (R$ 16,69). O papel (CVCB3) cravou uma mínima de R$ 16,70, uma queda de 5,38%, acumulando uma desvalorização de 8% em 2021, no pregão da B3.
A companhia enfrenta um outubro desafiante. Sofreu um ataque hacker e paralisou parcialmente suas operações por duas semanas. Além disso, a perspectiva de retomada do turismo de negócios, um importante componente de sua receita, está distante no curto prazo.
Pesquisa realizada pelo Bank of America, divulgada em relatório nesta semana, ouviu 71 companhias na América Latina sobre suas expectativas de retomar viagens corporativas. A sondagem apontou que 82% das empresas planejam reduzir essas viagens no período de 2022-2023, na comparação com os níveis de 2019. Para 75% das respondentes, as reuniões presenciais de negócios podem ser substituídas com eficácia pelas opções tecnológicas.
Os efeitos negativos da pandemia da Covid-19, com a segunda onda de casos no Brasil no primeiro semestre, fizeram a companhia a registrar um prejuízo de R$ 171 milhões no segundo trimestre, queda de 28% na comparação anual. As solicitações de reembolsos pelos consumidores devido a cancelamentos ou remarcações de pacotes pesaram no resultado trimestral.
A CVC marcou a divulgação do seu resultado financeiro do terceiro trimestre para o próximo dia 12 de novembro, com teleconferência para comentar os números prevista para o dia 16 do mês que vem.
A competição pela retomada do setor de viagens, com a reabertura de fronteiras em destinos importantes, como EUA, Argentina e países europeus, tende a ser maior também. Nesta semana, a Flytour, um dos principais players no segmento corporativo, foi vendida para o grupo mineiro Belvitur, que promete tirar a agência de turismo do processo de recuperação extrajudicial, pagando credores e investindo para transformá-la em uma relevante plataforma digital no país.
A disparada do dólar, que voltou a ficar acima da marca dos R$ 5,50 nos últimos dias, também pressiona os custos do setor, que são atrelados à moeda norte-americana principalmente em suas operações no exterior, onde têm de pagar fornecedores, como hotéis e equipes de receptivos. Além disso, a incidência de imposto nas remessas para o exterior reduz as margens de lucro das companhias.
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