Licença para gastar: governo estuda “waiver” de R$ 30 bi para Auxílio Brasil

Também no Breakfast de hoje: dia propício para embolsar ganhos recentes em bolsa; em tempos de bitcoin, comércio venezuelano aceita pagamento em ouro e aéreas voltam a pagar alimentação a passageiro em caso de atraso de voos

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Bloomberg Línea — O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o governo estuda pedir um “waiver” de R$ 30 bilhões, por um período temporário, para bancar o novo Auxílio Brasil de R$ 400. A licença para furar o teto fiscal teria por objetivo, segundo o ministro, manter o “compromisso com os mais frágeis”, mas dentro da estrutura fiscal vigente. Guedes afirmou que o governo decidiu desenhar o programa para atenuar os efeitos da inflação para a população de baixa renda.

  • O ministro afirmou ainda que a formatação final do benefício ainda está em estudo. Uma parte do programa será temporário e outra, permanente. Ele disse ainda que não há fonte de recursos para o programa se tornar permanente sem a aprovação da reforma do Imposto de Renda. “Queremos ser um governo reformista e popular. Não populista”, disse. “Continuaremos a lutar pelas reformas”, disse.
  • Guedes disse ainda que o governo chegou a estudar a antecipação da revisão do teto de gastos prevista para 2026 para comportar o aumento do benefício, que substitui o Bolsa Família. No evento, o ministro falou que desistiu de viajar para São Paulo devido aos últimos acontecimentos.
  • Em outro evento, promovido pela revista Exame, o ministro disse que a ala política vai decidir a forma de encaixar o programa social de R$ 400 no orçamento. Ele disse que “haverá crédito extraordinário ou revisão do teto”.
  • Para o ministro, cabe ao relator da PEC dos Precatórios, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), viabilizar valor de R$ 400 para o benefício. “Se não conseguimos fazer um programa permanente, vamos para um transitório”, disse.
  • Ontem, o ministro da Cidadania, João Roma, disse que o governo “trabalha” para aprovar um pagamento mínimo de R$ 400 para o Auxílio Brasil, sem explicar qual seria a fonte de custeio do benefício social. “Vamos viabilizar o pagamento dentro das regras fiscais”, disse o ministro em breve declaração.

Na trilha dos Mercados

O dia desponta como ideal para a realização de lucros. As primeiras operações do dia sugerem que parte dos ganhos acumulados nas últimas sessões, respaldados pela favorável safra de balanços corporativos, voltará ao bolso dos investidores. Tanto as bolsas europeias quando os futuros de índices em Nova York operavam no vermelho esta manhã.

A evidência de que os problemas nas cadeias de abastecimento, a crise energética e a inflação mais alta ainda não afetaram as margens de lucro das empresas dissipou a ansiedade que vinha reduzindo o apetite por risco. Em apenas três semanas, o índice Dow Jones subiu 5,94%, o S&P avançou 6,01% e o Nasdaq ganhou mais de 5% - recuperando-se das perdas de sessões anteriores.

Mesmo que os investidores tenham se tranquilizado nos últimos dias, muitas preocupações ainda pairam no ar:
  • o aumento dos custos das matérias-primas, sobretudo as energéticas
  • a escassez de energia e o agravamento da crise com a chegada do inverno no hemisfério norte
  • os problemas na cadeia de abastecimento
  • a pressão que estes fatores podem exercer sobre os preços ao produtor e ao consumidor
  • o ressurgimento de surtos de infecção pela Covid-19
  • as dificuldades do setor imobiliário chinês e os riscos de que a crise de dívida de construtoras do país contamine outros mercados
  • as perspectivas de redução do apoio monetário pelos bancos centrais mundiais
  • o temor de que eventuais subidas de juros para controlar a inflação freiem a atividade econômica

Energia em foco

O risco de que os altos preços das matérias-primas energética desequilibre o cenário macroeconômico traz preocupações. A escassez de outras matrizes energéticas tem elevado a procura por petróleo, que tem batido sucessivos recordes de preços.

  • ontem a Administração Internacional de Energia (EIA, na sigla em inglês) divulgou uma inesperada queda das reservas de cru, evidenciando que a demanda continua, apesar dos altos preços. Os estoques de petróleo cru nos Estados caíram 431.000 barris na semana passada. Os de gasolina recuaram 5,37 milhões de barris, o que situa os estoques no mais baixo nível desde novembro de 2019.
  • A notícia levou o tanto o WTI (+1,10%) quando o barril tipo Brent (+0,87%) a fecharem com alta, revertendo as perdas do começo do dia. Há pouco, os contratos de petróleo apresentavam queda em Nova York, mas ainda eram cotados acima dos US$ 83 por barril.

Na Ásia, o movimento de vendas também deu o tom e a maior parte das bolsas fechou no vermelho. Se renovam as preocupações sobre o risco sistêmico com a crise de dívida do grupo imobiliário Evergrande.

No radar dos investidores

  • Conference Board Leading Index (que dá pistas sobre a atividade econômica), vendas de casas existentes dos EUA, pedidos de seguro desemprego, hoje (21)
  • Discurso de Waller, membro do Fed (10h00)
  • O presidente do Fed, Jerome Powell, participa de painel de discussão de políticas, amanhã
  • Inflação no Japão, amanhã
  • O Comitê Permanente NPC da China se reúne novamente para revisar, entre outros temas, os regulamentos antimonopólio do país. A série de reuniões começou na terça-feira (19) e se estende até 23 de outubro
  • Reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) às 9h00 de Brasília
  • Receita Tributária Federal (14h00)

Importante saber

Destaques da Bloomberg Línea

Opinião Bloomberg

Sei que muitas pessoas veem o México como perigoso e corrupto, mas os fatos mais básicos são os mais importantes, principalmente para investidores e economistas: o México tem uma das maiores rendas per capita das economias emergentes, toma como base muitas culturas vibrantes e está localizado próximo aos Estados Unidos.

Pra não ficar de fora

  • Passageiro volta a ter direito à alimentação se voo atrasar 2 horas. Devido à pandemia e à onda de cancelamentos e remarcações de passagens, as companhias aéreas estavam livres dessa obrigação.
  • Para os voos internacionais, a flexibilização de algumas normas foi mantida, com prorrogação até o próximo dia 31 de março de 2022.
  • A regra de 12 meses como prazo de reembolso de passagens aéreas decorrente de cancelamento de voo no período de 19 de março de 2020 até o dia 31 de dezembro de 2021 foi mantida pela decisão tomada pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).