Miami — Todos os anos, cerca de 2 milhões de brasileiros vão ao ortodontista e iniciam um tratamento para alinhar os dentes. Desse número, 95% acabam utilizando aparelhos ortodônticos metálicos pois, até recentemente, eles eram significativamente mais baratos do que os alinhadores invisíveis. Mas a startup SouSmile está tentando tornar os alinhadores invisíveis mais acessíveis, e os investidores estão apostando na empresa.
Hoje, a SouSmile anunciou o encerramento de uma rodada de investimentos de US$ 18 milhões da Série B, liderada pela Kaszek Ventures, com a participação da Chromo Invest, GFC, Atmos Capital, Allievo e Endeavor Scale-up Ventures.
“É mais higiênico, mais confortável, mais previsível, mas acaba sendo muito caro para o cliente médio”, disse Michael Ruah, CEO e cofundador da empresa, citando que, tradicionalmente, alinhadores transparentes custam cerca de R$ 12 mil. A empresa não divulgou seus preços, mas ao fazer o meu próprio pedido no site da empresa, descobri que os alinhadores da SouSmile custam cerca de R$ 4,5 mil.
Embora a startup pareça uma equivalente à americana Smile Direct Club, que oferece um modelo direto ao consumidor, ela é, na verdade, mais semelhante à Invisalign, disse Michael Ruah.
A empresa vende alinhadores transparentes diretamente aos consumidores, mas emprega dentistas e tem dentistas parceiros que trabalham no processo de alinhamento dental. O usuário compra os alinhadores no site SouSmile e, em seguida, vai a um dentista para ajustá-los e para que o dentista acompanhe o processo.
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Até a pandemia, a SouSmile, fundada em novembro de 2018, atendia clientes apenas em suas próprias clínicas, mas ela foi forçada a mudar e descobrir um modelo de crescimento ainda mais rápido. “Como controlamos a cadeia de suprimentos, pudemos fazer a mudança rapidamente”, disse Rua.
“Existem 50 mil clínicas odontológicas no Brasil e, em média, elas têm 40% de capacidade ociosa em suas unidades, então podem gastar algumas horas em nossa plataforma”, disse Ruah.
Com esta nova abordagem, o SouSmile se expandiu de 2 a 30 cidades em todo o Brasil em apenas um ano e meio.
“Nosso modelo direto ao consumidor nos permite controlar o preço final, área em que outros alinhadores transparentes são vendidos ao dentista, que então os revende e adiciona uma margem de lucro”, acrescentou Ruah.
O mercado ortodôntico dos Estados Unidos – o maior do mundo, com cerca de 3 milhões de casos por ano, atende a uma população composta 75% por adolescentes, mas no Brasil a faixa etária é maior, e vemos uma divisão igualitária entre adolescentes e adultos.
“Demora mais para as pessoas no Brasil terem dinheiro suficiente para começar a cuidar da saúde bucal”, disse Ruah.
Desde a criação da empresa, ela tratou cerca de 7 mil pessoas e agora tem unidades emblemáticas no Rio, São Paulo, Belo Horizonte e Brasília.
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Você poderia pensar que, com uma startup técnica como esta, Ruah seria um ex-ortodontista, por exemplo, mas não é o caso. Ele é meio português e meio americano, filho de empresário e estudou na Universidade da Pensilvânia, nos EUA. Ele quis se mudar para o Brasil por motivos pessoais e sempre sonhou em abrir sua própria empresa no setor de atendimento direto ao consumidor (DTC), admirando Warby Parker, que também é egresso da Universidade da Pensilvânia.
Como muitos empresários na América Latina, ele olhou para o exterior para ver o que deu certo e, após algumas análises, percebeu que o mercado de alinhamento de dentes estava pronto para uma inovação e mergulhou de cabeça.