Fusão de bases acionárias da Americanas traz risco ao controle, diz XP

Mercado aguarda detalhes dos estudos sobre a operação anunciada como a relação de troca entre os papéis do grupo varejista

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São Paulo — O grupo varejista Americanas, hoje controlado pelos empresários Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, fundadores da Ambev e sócios do fundo 3G Capital, estuda uma fusão de suas bases acionárias (LAME3, LAME4 e AMER3) na B3, antes de sua listagem internacional (Nasdaq), mas a operação, que faz parte da reestruturação corporativa da companhia, traz riscos à manutenção do controle e ainda carece de informações adicionais para o melhor entendimento do seu potencial impacto para o futuro do grupo.

“O fato relevante apenas mencionou que a companhia está estudando a transação e, por isso, não forneceu mais detalhes quanto à potencial relação de troca. Enxergamos isso como o principal risco da transação, dado que a companhia sempre foi muito vocal em destacar a importância da manutenção de seu controle, o que não seria possível com uma relação de troca baseada no valor econômico atual (controladores atualmente detêm 30% da AMER3 – considerando a participação direta e indireta via LAME)”, aponta relatório da XP, assinado por Danniela Eiger, CFA, head de varejo e co-head de equity research, Gustavo Senday e Thiago Suedt, analistas de varejo.

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Para eles, os papéis da Americanas devem atravessar “um curto prazo volátil devido à falta de visibilidade quanto a fusão das bases acionárias, cenário macroeconômico desafiador e aumento da competição no setor”.

Os analistas da XP consideram que uma relação de troca desfavorável poderia levar à aplicação de um desconto de governança às ações, além do fato de que a operação ainda estaria sujeita à aprovação dos acionistas minoritários.

“Neste cenário [combinação das bases acionarias de LAME3, LAME4 e AMER3 no Novo Mercado da B3], a estrutura de holding seria eliminada. O anúncio ainda é preliminar e não foram divulgadas informações adicionais. Enxergamos o anúncio como positivo, dado que a operação melhoraria os padrões de governança da empresa, apesar da falta de visibilidade quanto a potencial relação de troca de ações ser um risco. Mantemos nossa recomendação de compra e preço alvo de R$82/ação para AMER3″, cita a XP.

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Ao justificar a manutenção da recomendação de compra para AMER3 e LAME3/4, os analistas escrevem que enxergam as empresas com “um robusto ecossistema, uma marca forte e vasta capilaridade, combinadas com sólidas plataformas digitais, de logística e financeira”.

Em outro relatório, o americano Goldman Sachs também considerou a potencial operação como estratégica e positiva, já que pode aumentar o poder de voto dos minoritários, elevar a liquidez das ações e acabar com o histórico desconto de holding nos papéis LAME3/4.

“Enquanto os termos da potencial combinação ainda estão para ser finalizados, nós, dependendo da relação de troca, potencialmente vemos essa reorganização como estratégica e positiva”, diz o relatório.

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