Fed restringe investimento pessoal de autoridades após escândalo de ética

Caso resultou na saída de dois presidentes regionais e colocou em risco a confiança no banco central americano

O Fed tem sido criticado por revelações embaraçosas sobre negociações por parte de servidores de alta patente
Por Molly Smith
21 de Outubro, 2021 | 06:53 PM

Bloomberg — O Federal Reserve proibirá autoridades do governo e funcionários de alto escalão de comprar ações e títulos individuais e também restringirá as negociações pessoais de determinados ativos, depois que um escândalo de ética resultou na saída de dois presidentes regionais e colocou em risco a confiança no banco central.

“Essas novas regras, mais rígidas, elevam o nível de exigência para garantir ao público que servimos que todos os nossos funcionários de alto escalão se concentrem unicamente na missão pública do Federal Reserve”, afirmou o presidente do Fed, Jerome Powell, no comunicado.

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O Fed tem sido criticado por revelações embaraçosas sobre negociações de ativos por parte de servidores de alta patente no ano passado, enquanto o banco central se empenhava arduamente para proteger a economia dos efeitos da Covid-19.

As denúncias têm sido usadas como arma por críticos de Powell, que se opõem a sua permanência como presidente do Fed por mais uma gestão, já que seu mandato atual termina em fevereiro. Esses mesmos críticos enviaram pedidos de investigação ao Congresso. A senadora Elizabeth Warren pediu à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, a SEC, para verificar se foi violada alguma regra sobre informações privilegiadas.

Gestão de terceiros

Segundo as novas políticas, altos funcionários do Fed - incluindo presidentes de bancos regionais, governadores locados em Washington e funcionários no topo da hierarquia - só poderão aplicar recursos pessoais em veículos de investimento diversificados, como fundos mútuos, declarou o banco central em um comunicado na quinta-feira (21).

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Os novos nomeados terão de se desfazer de alguns ativos antes de assumirem os cargos, como, por exemplo, carteiras de títulos corporativos individuais, anunciou um funcionário do Fed em uma teleconferência com repórteres.

Outras regras “para ajudar a proteger contra até mesmo a aparência de qualquer conflito de interesse no momento das decisões de investimento” incluem dar aviso prévio de 45 dias para compra e venda de títulos, obter aprovação prévia para tais transações e não mexer em investimentos por pelo menos um ano. Além disso, “nenhuma compra ou venda será permitida durante os períodos de maior estresse no mercado financeiro”, declarou o Fed.

Divulgação pública de investimentos

Os 12 presidentes regionais do Fed serão obrigados a divulgar publicamente as transações financeiras dentro de 30 dias, uma política que já se aplica aos governadores e funcionários de alto escalão que trabalham na sede em Washington, informou o Fed. Anteriormente, eles eram obrigados a fazê-lo apenas anualmente. Os relatórios serão publicados no site do Fed.

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O anúncio foi feito depois que Powell ordenou uma revisão de todo o sistema de regras e condutas éticas, além de ter pedido também ao inspetor geral do Fed para dar uma olhada nas atividades de trading de “certos funcionários do alto escalão”.

Warren, em seu pedido à SEC, citou um relatório da Bloomberg News de 1º de outubro, onde constava que as transações financeiras apresentadas pelo vice-presidente do Fed, Richard Clarida, relativas ao ano de 2020, mostraram que ele negociou entre US$ 1 milhão e US$ 5 milhões de um fundo de títulos para fundos de ações, um dia antes de Powell emitir uma declaração sinalizando possível alteração nas políticas quando a pandemia piorou.

Os presidentes do Fed de Dallas, Robert Kaplan, e Eric Rosengren, de Boston, renunciaram após revelações de negociações incomuns em 2020. Rosengren justificou a decisão declarando uma doença crônica ao anunciar sua aposentadoria precoce.

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As novas regras irão complementar as que já estão em vigor, como um blecaute de negociações de 10 dias em torno das reuniões do Fed, segundo o funcionário do banco na teleconferência.

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