Efeito China: Consumidor ainda espera queda no preço da carne

Apesar dos preços da arroba terem recuado mais de 13% desde o início do embargo, dados da Fipe mostram que os valores pagos nos supermercados e açougues estão subindo

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Bloomberg Línea — Desde que o Brasil suspendeu as exportações de carne bovina para China no dia 4 de setembro, os preços do boi gordo, pagos pelos frigoríficos aos pecuaristas, já recuaram mais de 13%, segundo dados do indicador Cepea/Esalq. Contudo, os consumidores ainda não sentiram essa retração no varejo.

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fipe indica que os preços da carne bovina, ao contrário, seguem uma trajetória de alta há pelo menos duas semanas. Os dados da Fipe referentes à segunda semana de outubro mostram que a carne bovina subiu 0,62%, depois de já terem avançado 0,42% na primeira semana do mês.

Uma das razões para que os preços ao consumidor não tenham recuado na mesma proporção que os valores da arroba é o fato de, mesmo com a proibição das exportações, os frigoríficos terem mantido os embarques ao longo do mês de setembro. A estratégia impediu que a oferta no mercado interno aumentasse de descontrolada, já que os lotes que já possuíam a certificação para serem embarcados à China foram de fato exportados.

No mês passado, o Brasil exportou 191 mil toneladas de carne bovina, das quais 112 mil tiveram como destino os portos chineses. O volume significou um novo recorde mensal nos embarques de carne bovina e um crescimento superior a 30% em comparação a agosto, até então, o mês de maior exportação da história.

Embora o Ministério da Agricultura não tenha mais emitido certificados de exportação desde 4 de setembro, as indústrias seguiram produzindo carne para ser exportada para a China apostando em uma rápida solução do problema. Em 2019, quando o setor viveu uma situação semelhante, o embarcado foi retirado em apenas 13 dias.

Dessa vez, com a suspensão das vendas caminhando para completar dois meses, o Ministério da Agricultura se viu atendeu um pedido das indústrias e emitiu uma autorização para que a carne produzida para a China pudesse ser armazenada. Além disso, ainda não se sabe o que acontecerá com a carne exportada em setembro após o embargo e que já começa a chegar aos portos chineses.

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