Campanha da China atinge incorporadoras frágeis e ajuda fortes

Empresas com os piores balanços sentem o impacto dos maiores custos de financiamento, um problema agravado este mês com o vencimento de obrigações

autoridades em Pequim busquem neutralizar o risco moral e desalavancar a economia
Por Sofia Horta e Costa
21 de Outubro, 2021 | 08:29 AM

Bloomberg — Com a campanha de autoridades da China para evitar que incorporadoras muito endividadas contagiem concorrentes mais saudáveis, o setor imobiliário do país enfrenta o maior abalo no mercado de crédito dos últimos anos.

Empresas com os piores balanços sentem o impacto dos maiores custos de financiamento, um problema agravado este mês com o vencimento de obrigações. Pelo menos três incorporadoras chinesas se tornaram inadimplentes em outubro, uma pode ter dificuldade em pagar juros que vencem na sexta-feira e outra não conseguiu uma extensão de três meses para um título com vencimento na segunda-feira. Além disso, há a crise da China Evergrande, com enorme peso no mercado de dívida em dólar, que pode entrar em default já no sábado.

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O setor imobiliário da China responde por quase metade da dívida mundial em dólar no chamado terreno “distressed”, de ativos problemáticos ou em reestruturação, com rendimentos de grau especulativo tendo superado 20% no início deste mês, o maior nível em uma década. Embora autoridades em Pequim busquem neutralizar o risco moral e desalavancar a economia, têm permitido que algumas empresas assumam as perdas, desde que não haja repercussões no sistema financeiro.

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Essa estratégia parece estar funcionando. Mesmo com a queda de 14% da ação da Evergrande na quinta-feira, papéis de outras incorporadoras chinesas subiram depois de o vice-primeiro-ministro da China, Liu He, ter dito que os riscos no mercado imobiliário são controláveis. Estrategistas de crédito e renda variável do Morgan Stanley recentemente adotaram uma posição otimista sobre o setor, prevendo que políticas de apoio em áreas como hipotecas limitarão as perdas.

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“Embora algumas incorporadoras mais fracas ainda entrarão em default, agora vemos alguns sinais iniciais de flexibilização das políticas que devem prevenir o risco de contágio”, disse Abhishek Rawat, gestor da Hong Kong Asset Management, que começa a ver o setor com mais otimismo. “Agora pode ser a hora para o capital novo escalar e comprar algumas das empresas mais fortes.”

Para a Evergrande, a mais endividada das incorporadoras chinesas em dificuldades, pode ser ainda mais difícil evitar o default depois de ter encerrado negociações para vender uma participação em sua unidade de administração de imóveis. Um período de carência de 30 dias expira neste fim de semana para o pagamento de juros de US$ 83,5 milhões sobre um título que a Evergrande deixou de pagar no mês passado. Fantasia, Sinic e China Properties não pagaram títulos em dólar em outubro.

Reguladores em Pequim tentam assegurar aos mercados de que a segunda maior economia do mundo pode resistir à crise da Evergrande e rivais menores. O presidente do Banco Popular da China, Yi Gang, que fez uma referência direta à Evergrande no último domingo, ecoou outras autoridades ao dizer que o governo chinês pode limitar o contágio. Ações de incorporadoras com melhor classificação, como Longfor Group e Country Garden, estavam entre as empresas do setor com maiores ganhos em Hong Kong na quinta-feira.

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Mas, para incorporadoras em crise, o maior teste de refinanciamento não acontece neste mês. Quinze das empresas imobiliárias mais problemáticas da China terão US$ 5,2 bilhões vencendo em janeiro, de acordo com cálculos do Citigroup em relatório de 1º de outubro. O valor é mais que o dobro do montante devido em outubro.

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