São Paulo — No debate entre pré-candidatos do PSDB à Presidência da República nesta terça (19), os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS) afirmaram que cometeram um erro ao apoiar Jair Bolsonaro, em 2018, na disputa contra Fernando Haddad (PT), no segundo turno. Os tucanos realizam uma prévia para escolher seu candidato a presidente em 21 de novembro.
Leite foi o primeiro instado a falar do apoio ao presidente em uma pergunta feita pelo ex-senador e ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, que também disputa a prévia.
“Lá no meu estado, meu adversário, juntou o nome dele, o sobrenome dele ao do Bolsonaro, eu não fiz isso. Me neguei a fazer isso, não autorizei nem que fizesse material de campanha conjuntamente. Fiz uma única declaração de voto, em um vídeo, marcando muito bem quais eram as nossas diferenças em relação ao Bolsonaro. Infelizmente, era uma eleição de segundo turno que tinha somente dois caminhos. O outro caminho era o do PT, que tinha quebrado o país”, disse Leite, no debate promovido pelos jornais O Globo e Valor Econômico.
Depois, na réplica, Arthur Virgílio insistiu na questão e disse ter votado em Henrique Meirelles no primeiro turno e em Haddad no segundo.
“Eu votei no Geraldo Alckmin. No segundo turno, manifestei meu voto no Alckmin. Perdi votos por não ter feito uma adesão ao Bolsonaro, mas não vendo minha alma. Mesmo assim, a gente vê, foi um erro”, disse o governador do Rio Grande do Sul.
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Um pouco mais tarde, ao responder a uma pergunta de um jornalista, Leite explicou qual seria o “erro”: “Eu não aderi, não abracei o candidato Jair Bolsonaro, não fui atrás dele para tirar foto, não tentei associar minha campanha à dele. Mesmo assim, não sabíamos que viria uma pandemia em que a falta de humanidade e a falta de sensibilidade custariam tantas vidas (...) Foi um erro: não há hipótese de apoiar Bolsonaro em 2022″.
A declaração foi uma crítica velada a João Doria. No segundo turno de 2018, o tucano paulista pregou o voto Bolsodoria, contra Haddad e contra o seu adversário em São Paulo, o então governador em exercício Márcio França (PSB).
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Doria também teve que falar sobre o apoio a Bolsonaro também em uma pergunta feita por uma jornalista.
“Eu faço essa autocrítica. Eu errei, como o Eduardo errou, como, aliás, 65% da população cometeu esse erro, esse equívoco. Eu não tenho compromisso com o erro, eu não erro duas vezes”, disse o governador de São Paulo.
Teto de gastos
Doria e Leite fizeram críticas à perspectiva do governo criar um novo programa social com recursos, fora do teto de gastos.
“[O atual governo] promove disfarçadamente medidas para romper o teto de gastos, não para fazer políticas públicas de redução de pobreza, mas sim para garantir votos numa sucessão fratricida. Não atende os mais pobres, e sim ao interesse de cooptar os mais pobres. Aliás, o PT também fez isso durante 13 anos também”, disse Doria.
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A fala de Doria foi em resposta a uma pergunta de Eduardo Leite sobre como conciliar gastos sociais com o teto de gastos.
Doria criticou a equipe econômica: “Falta maturidade e estatura para a área econômica deste governo. É um fracasso desde o começo. É um governo que se apresentou liberal, mas não praticou liberalismo, prometeu desestatizar e não desestatizou.”
Na réplica, o governador gaúcho disse que o país pode até fazer ajustes no teto, mas antes precisa se comprometer com reformas. “O teto de gastos significa que, independente do crescimento econômico e das receitas, os gastos devem estar limitados. Provavelmente terá que fazer algum ajuste. O Brasil precisa conquistar o direito de ajustar o teto fiscal. Mas como? Demonstrando clara responsabilidade fiscal, com reformas, descomplicando o Brasil com reforma tributária.”
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