Argentina: ‘Defasagem das tarifas é de 100%’, diz Cunha, da Enel

O country manager da empresa de energia elétrica conversou com a Bloomberg Línea e alegou que está à espera de uma autorização do governo para recompor as tarifas e regularizar seus investimentos

Claudio Da Cunha, country manager da Enel Argentina
19 de Outubro, 2021 | 12:21 PM

Buenos Aires — Natural de Fortaleza, Claudio da Cunha, o novato country manager da Enel Argentina, dona da Edesur, garante que, por trás da ideia de consenso entre empresários e sindicatos que o governo tanto difundiu nos últimos dias, há um certo quê de “política”, às vésperas das PASO (Primarias Abiertas, Simultáneas y Obligatorias, em espanhol – são as eleições primárias da Argentina), que ocorrem em novembro.

Durante sua estada como espectador do 57º Colóquio IDEA, ele não teve dúvidas de que “o grande problema da Argentina é a continuidade das coisas, que se reflete na instabilidade jurídica”, destacou em conversa com a Bloomberg Línea. “Eles sempre observam o que o governo anterior faz. As ideias devem ser mais ou menos as mesmas. A única maneira de construir estabilidade é um governo não destruir o que o outro fez antes”.

PUBLICIDADE

Com 15 mil funcionários e dois anos de tarifas congeladas, com um único reajuste de 9% neste ano, a preocupação na empresa é latente.

A defasagem das tarifas é de 100% se considerarmos que temos uma inflação que, há dois anos, gira em torno de 50%. Além disso, surge a possibilidade de uma recomposição tarifária, é difícil fazer um programa; este deve ser feito de forma gradual e gradativa. O subsídio para o setor foi de US$ 140 bilhões – três vezes o valor da dívida com o FMI”, exemplificou.

Foto: Edesur

O congelamento coloca em standby os investimento previstos em um ano normal. “Tentamos investir e manter esses desembolsos para que não se reflitam na qualidade do serviço. Mas isso tem um limite: as tarifas. O negócio de energia é muito intensivo em capital e exige muita mão de obra. Além disso, contamos com uma rede de 378 PMEs que trabalham e dependem de nós. Estamos em regime de emergência”.

PUBLICIDADE

Enquanto isso, a Edesur e a indústria aguardam a proposição do governo de um esquema de segmentação tarifária, embora o executivo acredite que só depois das eleições haverá algum tipo de resolução.

O que parece ter se afastado completamente são os rumores de estatização. “Eu não vejo isso e também não é uma solução. Acreditamos que essa ideia acabou”, concluiu.

Leia também

Venda de refinaria pela Petrobras sofre contestação judicial em Manaus

Lorena Guarino

Periodista argentina, especializada en negocios y economía desde hace más de 20 años. Fue editora general de Forbes Argentina y anteriormente se desarrollo en diarios como La Nación, El Cronista Comercial y Buenos Aires Económico e Infobae entre otros.