Bloomberg — O exército de mais de 400 economistas com PhD do Federal Reserve tem um recado sobre a inflação para autoridades de política monetária e para a população dos Estados Unidos: relaxem.
Embora algumas autoridades demonstrem ansiedade sobre o aumento dos preços e Wall Street tenha elevado as previsões, a equipe do Fed em Washington prevê que a inflação voltará a ficar abaixo de 2% em 2022, segundo a ata da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) do mês passado e divulgada em 13 de outubro.
Além de estar abaixo da meta de longo prazo de 2% do FOMC, corresponderia a menos da metade do ganho de 4,3% registrado no ano acumulado do ano até agosto pelo indicador preferido do Fed para acompanhar os preços.
“Devemos levar isso muito a sério”, disse Claudia Sahm, ex-economista do Fed e pesquisadora sênior do Jain Family Institute. “Não significa que estejam certos”, mas são grandes especialistas preparando os números. “Olhando ao longo do tempo, não há firma de previsões que possa chegar nem perto da análise do conselho sobre a economia de curto prazo.”
O presidente do Fed, Jerome Powell, e membros do banco central esperam que a inflação desacelere no próximo ano. Mas autoridades dizem que há muita incerteza em torno das perspectivas e os riscos das pressões dos preços são de alta.
Ao fazer uma retrospectiva, fica claro como é difícil prever a economia.
As previsões do corpo técnico há um ano mostravam que a inflação aumentaria em relação aos 1,3% daquela época, segundo a ata da reunião do FOMC de setembro de 2020, mas não o salto de fato registrado. As próprias autoridades projetaram inflação de apenas 1,7% para 2021, e Powell foi questionado durante a coletiva de imprensa após a reunião sobre os riscos de continuar abaixo da meta de 2% do Fed. Ele mostrou confiança de que os preços subiriam.
Ainda assim, as previsões da equipe do Fed têm sido regularmente mais precisas do as estimativas de consenso de Wall Street, de acordo com o economista do Fed de St. Louis, Michael Owyang, que documentou com outros autores uma vantagem significativa em 2019, assim como outros pesquisadores.
“As previsões da equipe do Fed para a inflação têm sido historicamente mais precisas do que as projeções de consenso”, disse o economista em entrevista na quinta-feira.
As previsões detalhadas da equipe contidas no “Tealbook” distribuído ao FOMC não serão divulgadas nos próximos cinco anos, mas a opinião do grupo é de que o aumento será “transitório”.
“O aumento dos preços ao consumidor causado por problemas de oferta deve ser parcialmente revertido e a expectativa é de forte desaceleração dos preços de importação”, segundo a ata. “Portanto, espera-se que a inflação dos preços do PCE caia para pouco menos de 2% em 2022”, em referência ao índice de preços de despesas de consumo pessoal. A equipe acrescentou que os riscos para a inflação são de alta.
A previsão de inflação inferior a 2% se compara com a projeção dos membros do FOMC de 2,2% em 2022, ou de 2,3% excluindo alimentos e energia, de acordo com a estimativa mediana. As previsões econômicas em pesquisa da Bloomberg News apontam para inflação de 2,9% em 2022.
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