Barcelona, Espanha — O otimismo gerado pelos fortes resultados financeiros corporativos não foi capaz de sustentar as primeiras operações da semana. Dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB) da China sugerem que as crises enérgica e imobiliária já respingam na economia. Além disso, a disparada nos preços do petróleo renova o entendimento de que a inflação elevada pode ser mais persistente do que o imaginado.
A crise de dívida detonada pelo grupo Evergrande e a escassez de eletricidade reduziram o crescimento econômico chinês no último trimestre, com sinais de que haverá mais repercussões negativas com a chegada do inverno e novas restrições imobiliárias. O produto interno bruto da China cresceu 4,9% frente ao ano passado, ante 7,9% no trimestre anterior. O número veio ligeiramente abaixo do consenso de 5,0% dos analistas.
Porém, Pequim sinalizou que não tem pressa para estimular a economia, sugerindo que o crescimento pode continuar a desacelerar nos próximos meses. A sinalização traz incertezas à demanda do país por commodities relacionadas à construção.
A maioria das bolsas asiáticas fechou a sessão com perdas. Os mercados também declinavam na Europa e no mercado futuro de índices em Nova York.
Ainda na China, a produção industrial de setembro também se situou abaixo das expectativas, com um avanço de 3,1% frente ao ano anterior, enquanto o consenso do mercado era de 3,8%. Por outro lado, as vendas ao varejo saíram melhores do que o esperado, +4,4%, contra projeções de 3,5%. E a taxa de desemprego recuou para 4,9%, surpreendendo os analistas, que estimavam uma média de 5,1%.
Petróleo em alta
Outro fator que deixa o mercado atento é o forte avanço das matérias-primas energéticas, que encadeiam várias sessões de alta expressiva e vêm batendo sucessivos recordes.
- Os contratos futuros de petróleo tinham sua oitava alta semanal, cotados a mais US$ 83 esta manhã e alcançando seu máximo desde 2014. Já o barril tipo Brent se aproximava dos US$ 86.
- A persistência desse movimento de alta renova as preocupações do mercado com relação à alta dos preços ao consumidor final – e como a redução do poder de compra afetará as economias ao redor do globo.
- Lembrando que a Europa vem padecendo de uma crise energética e a chegada do inverno no hemisfério norte aumentará a demanda por commodities de energia, o que tende a elevar ainda mais os preços destas matérias-primas.
Falando em inflação…
Neste fim de semana, o presidente do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, enviou um sinal de que a autoridade monetária está se preparando para subir as taxas de juros pela primeira vez desde o início da pandemia. Ele disse acreditar que o recente salto da inflação é temporário, mas destacou que o preço da energia se acelerará e aumentará os riscos inflacionários. Nesse sentido, ele deixou claro que o banco central estará pronto para atuar.
Na agenda do dia:
- Produção industrial dos Estados Unidos, hoje
- Construção de novas casas nos EUA, amanhã
- Federal Reserve divulga o Livro Bege na quarta-feira
- Inflação no Reino Unido e no Canadá, também quarta
- Estoques de petróleo bruto divulgados pela Administração Internacional de Energia (EIA, na sigla em inglês), quarta-feira
- No Brasil, destaque vai para dados de conta corrente e investimento estrangeiro na sexta-feira
- O presidente do Fed, Jerome Powell, participa de painel de discussão de políticas, sexta-feira
- Inflação no Japão na sexta-feira
- Balanços americanos serão acompanhados de perto, incluindo AT&T, Barclays, Johnson & Johnson, Netflix e Tesla
As bolsas na Europa se comportavam assim na manhã de hoje:
- o Stoxx 600 Europe Index recuava 0,50%, aos 467 pontos às 12h40 CEST (7h40 no horário de Brasília)
- o alemão DAX perdia 0,59%, para 15.494 pontos
- em Paris, o CAC 40 caía 0,91%, para 6.666 pontos
- o londrino FTSE 100 declinava 0,30%, aos 7.212 pontos
- o IBEX 35 desvalorizava-se 0,71%, aos 8.933 pontos
Futuros de ações nos EUA
- o S&P 500 futuro operava com 0,40% de baixa às 12h40 CEST (7h40 no horário de Brasília) para os 4.444 pontos
- os contratos indexados ao índice Dow Jones também caíam, -0,32%, aos 35.059 pontos
- os contratos futuros indexados ao índice Nasdaq declinavam 0,47%, para 15.063 pontos
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Confira o comportamento de outros mercados na manhã de hoje:
Petróleo
O petróleo voltava a subir, impulsionado pela expectativa de que a crise de energia se agrave com a chegada do inverno. Os futuros em Nova York eram cotados acima dos US$ 83 por barril, depois de adicionar 3,7% na semana passada. A escassez de gás natural está criando uma demanda extra por produtos petrolíferos como óleo combustível e diesel pelo setor de geração de energia.
Além disso, o Irã disse que as conversas sobre um acordo nuclear poderiam durar várias outras rodadas. O membro da OPEP poderia aumentar a produção em 1,3 milhões de barris por dia se as sanções dos EUA fossem levantadas, disse a Agência Internacional de Energia na semana passada.
- em Nova York, os contratos futuros de petróleo subiam com força, +1,77%, às 12h40 CEST (7h40 no horário de Brasília), para US$ 83,75 por barril.
Ouro
- o ouro futuro caía 0,38%, para US$ 1.761 a onça troy
Cripto
- o bitcoin valorizava-se 2,69%, para US$ 61,067 mil.
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