10 empresas familiares do Brasil faturam mais de US$ 101 bi

Liderados pela JBS, com faturamento de US$ 52,2 bi, grupos nacionais figuram entre os maiores do mundo. No topo da lista global aparece o Walmart, seguido pelo Berkshire Hathaway

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São Paulo — Empresas familiares já foram tachadas pela falta de profissionalismo, desmandos e perpetuação de privilégios e proteção aos mais alinhados com os fundadores. Nos últimos anos, no entanto, passaram a ser reconhecidas pelo alinhamento de interesses entre acionistas e clientes, busca pela perpetuidade de longo prazo do negócio, preservação de empregos, responsabilidade com as comunidades do entorno e, mais recentemente, solidariedade e suporte aos desafios humanitários durante a pandemia.

No mundo, as 500 maiores empresas familiares são responsáveis por empregar 24,1 milhões de pessoas e por um faturamento de US$ 7,28 trilhões, segundo levantamento conjunto da EY e Universidade de St. Gallen da Suíça.

No topo da lista, que será divulgada pela Agência EY, está o Walmart Inc., principal negócio da família Walton, que detém 48,9% do capital da empresa. A varejista tem um faturamento de US$ 559,1 bilhões e emprega 2,3 milhões de pessoas. O segundo maior é Berkshire Hathaway Inc., com participação de 37,2% da família de Warren Buffett, com receitas de US$ 245,5 bilhões e 360 mil colaboradores em diferentes linhas de negócios.

O primeiro grupo brasileiro que aparece no ranking é o JBS SA, na 22ª posição global, controlado pela família dos irmãos Joesley e Wesley Batista, com 35,6% do capital. Maior produtor de proteína do mundo, o JBS emprega 250 mil pessoas e tem um faturamento de US$ 52,2 milhões. Está à frente, por exemplo, da América Móvel, da família Slim, do México, na 23ª posição, com receitas de US$ 51 bilhões e 191,5 mil colaboradores.

Além da JBS, outras nove companhias brasileiras aparecem no ranking: Marfrig Global Foods S.A., Metalúrgica Gerdau S.A., Votorantim Participações S.A., Companhia Siderúrgica Nacional, Magazine Luiza S.A., Cosan Ltda., Energisa S.A, WEG S.A. e Porto Seguro S.A. O grupo tem um faturamento conjunto de US$ 101,4 bilhões, de acordo com o estudo.

“O faturamento da receita dessas empresas corresponde à terceira maior economia do mundo. Com isso, dá para entender a dimensão e o poder que as empresas familiares têm na economia mundial”, disse Carolina Queiroz, líder da área de empresas familiares da EY. Na avaliação dela, o segmento se destacou durante a pandemia pela resiliência. “Muitas delas conseguiram mudar os rumos de seus negócios, se adaptando e inovando para apoiar as comunidades, confirmando o compromisso com a responsabilidade social”, disse.

Diversidade

Entre as empresas citadas no ranking estão várias representantes do setor de bens de consumo e da indústria, compatível com a idade média de 70 anos dessas organizações.

Das 500 maiores empresas, apenas 17% dos assentos dos conselhos de administração são ocupados por mulheres. No caso das empresas que têm mulheres membros da família controladora do negócio, esse percentual sobe para 31%. Já em posição de CEO, apenas 5% das empresas familiares têm uma mulher no seu comando, enquanto a referência mundial é de 8%, segundo a EY.