México fica para trás em vacinação na AL após liderar campanha

Problemas na cadeia de suprimentos e logística deixaram a segunda maior economia da região com apenas 39% da população com imunização completa, bem abaixo da Argentina e Brasil

“É um problema de logística de distribuição e administração de doses muito ineficiente”
Por Andrea Navarro e Dale Quinn
15 de Outubro, 2021 | 03:45 PM

Bloomberg — O México foi o primeiro país latino-americano a administrar vacinas contra a Covid-19 em dezembro passado e recebeu, de longe, a maioria das doações dos Estados Unidos. No entanto, agora está muito atrás de seus pares regionais na batalha da imunização.

Problemas da cadeia de suprimentos e de logística deixaram a segunda maior economia da América Latina com apenas 39% da população com imunização completa, bem abaixo da Argentina e do Brasil, segundo o rastreador de vacinas da Bloomberg. Até o Equador, que tinha apenas 3% da população vacinada em maio, já está bem à frente, em torno de 58%.

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O número de doses administradas por dia no México atingiu o pico de 1,45 milhão no fim de julho e não chegou perto desse nível desde então. O país, como muitos outros, enfrentou atrasos dos embarques da Pfizer no início do ano. Depois, problemas na cadeia de suprimentos desaceleraram, por meses, a produção local da vacina da Oxford-AstraZeneca. Mas especialistas também apontam para um planejamento inadequado.

“É um problema de logística de distribuição e administração de doses muito ineficiente”, disse Arturo Erdely, matemático da UNAM que acompanhou de perto os números da pandemia e a distribuição de vacinas. “Com os centros de vacinação itinerantes, as pessoas precisam descobrir quando e para onde ir, mas nem todo mundo ouve rádio ou olha as redes sociais.”

O México tem um forte histórico de imunização e pouca resistência contra vacinas como nos Estados Unidos, disse Alejandro Macías, que coordenou a batalha do México contra a epidemia de H1N1 em 2009. Mas, fora das grandes cidades, a cobertura tem sido escassa. A Cidade do México imunizou 99% dos adultos elegíveis com pelo menos uma dose, mas um estado como Chiapas vacinou apenas 30% da população, segundo dados do governo.

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“Em alguns estados, o atraso ocorre simplesmente porque as vacinas não chegaram”, disse Macías em entrevista. “A distribuição de vacinas não tem sido igual entre os estados.”

México fica para trás ante outras economias grandes da América Latina

A variante delta, altamente transmissível, atingiu o México em cheio em meados do ano. Com os casos em nível recorde em meados de agosto, pontos turísticos como Cancún e Los Cabos fecharam praias enquanto hospitais ficaram sobrecarregados. Em setembro, houve dias com mais de 1.000 mortes.

Na semana passada, o país registrou, em média, 5.900 novos casos e 470 mortes por dia. Especialistas alertam que as baixas taxas de vacinação, mesmo em locais específicos, aumentam drasticamente o risco de novas ondas e variantes. No total, o México tem o quarto maior número de mortes por Covid globalmente, com mais de 282.000 óbitos.

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Em maio, o então secretário da Fazenda, Arturo Herrera, disse que o laboratório Liomont produziria de três milhões a seis milhões de doses por semana - o que significaria de 66 milhões a 132 milhões até agora, e 55% deveriam permanecer no México. Até agora, o laboratório produziu apenas 27,6 milhões. A AstraZeneca entregou mais 20,4 milhões de doses produzidas fora do país, elevando o total para cerca de 48 milhões. Em resposta a perguntas, a AstraZeneca disse que ainda está no prazo para cumprir a meta.

“Fornecemos a vacina de acordo com os termos acordados no contrato com o governo mexicano para 77,4 milhões de doses e estamos no caminho para entregar esse compromisso até o final do ano”, disse um porta-voz da AstraZeneca.

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