Balanços eclipsam temor com inflação, pelo menos até o próximo capítulo: Breakfast

Principal do dia: Na newsletter de hoje, você também verá que os brasileiros estão consumindo menos em suas casas - é o terceiro mês consecutivo de quedas

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Bom dia! Este é o Breakfast, uma newsletter diária da Bloomberg Línea.

As primeiras divulgações de balanços de bancos permitiram ao mercado mudar de toada. A preocupação com a inflação ainda sobrevoa os negócios, mas os fortes resultados empresariais deram a deixa para os investidores irem às compras. Nas primeiras operações desta manhã, bolsas europeias e futuros de índices nos Estados Unidos seguiam o movimento de alta de ontem, embora a um ritmo mais moderado.

Os mercados da Ásia, que fecharam com forte valorização, também deram sua contribuição ao otimismo no ocidente. A China está facilitando as condições de acesso a empréstimos imobiliários a alguns de seus maiores bancos, segundo a Bloomberg. O banco central do país também tem injetado recursos para manter a liquidez do sistema financeiro. As medidas deram ao mercado alguma tranquilidade com relação aos esforços para evitar um contágio da crise de dívida do grupo Evergrande.

Outras razões para o otimismo nos mercados

Porém, ainda que os resultados financeiros tenham eclipsado as preocupações sobre a alta dos preços – e seus efeitos sobre a recuperação econômica -, o tema seguirá na pauta. Atenção especial para estas duas notícias, que podem trazer repercussões à inflação no curto e médio prazos.

Na agenda do dia

  • No Brasil: IGP-10 de outubro; IBC-Br (9h00); Vencimento de opções sobre ações
  • Nos Estados Unidos: Vendas no Varejo (9h30), estoques comerciais dos EUA e a confiança do consumidor da Universidade de Michigan
  • Goldman Sachs, Charles Schwab e PNC Financial apresentam suas demonstrações financeiras
  • Estão programadas intervenções de James Bullard e John Williams, presidentes do Fed em Sant Louis e em Nova York, respectivamente. Eles são conhecidos por serem dos membros mais “hawkish”, mais propensos a políticas monetárias enérgicas, por exemplo, no controle da inflação.

Ver mais: Mercados tentam antecipar políticas para calibrar preços x expansão econômica: Breakfast

Enquanto você dormia

Os brasileiros estão consumindo menos em suas casas. É o que aponta a pesquisa mensal da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) referente a agosto. No oitavo mês do ano, o consumo das pessoas em suas residências recuou 2,33% em comparação a julho e registrou uma retração de 1,78% em comparação a agosto do ano passado. Esse foi o terceiro mês consecutivo de queda e é o menor patamar desde janeiro do ano passado.

  • O índice mede o consumo em todos os tipos de loja, desde o atacarejo, passando pelo e-commerce e hipermercados e chegando até as lojas de bairro. Apesar do terceiro mês seguido de queda, no acumulado de janeiro a agosto o setor ainda acumula crescimento de 3,15% em comparação ao mesmo período do ano passado e a expectativa é que em dezembro, o consumo apresente um crescimento 4,5% em comparação aos resultados do ano passado.
  • “Apesar os recuos registrados nos últimos meses, nossas projeções apontam para um crescimento para 2021. Há uma previsão de melhora na economia. Mesmo com o desemprego em alta, esse cenário deve se reverter ao longo do restante do ano”, afirma Márcio Milan, vice-presidente institucional e administrativo da Abras.
  • O otimismo do setor está baseado na injeção de quase R$ 10 bilhões que deve haver na economia com os novos pagamentos do auxílio emergencial, restituição do imposto de renda e da chegada da primeira parcela do décimo terceiro salário até o fim do ano. Segundo a Abras, o quarto lote de restituição começou a aplicar na economia R$ 5,1 bilhões desde o final de agosto e a quinta parcela deverá injetar outros R$ 562 milhões. Além disso, 14,6 milhões de famílias serão beneficiadas pela sexta parcela do auxílio emergencial com R$ 4,1 bilhões adicionais.

Importante saber

  • O Grupo Pão de Açúcar (GPA) decidiu vender 71 lojas dos hipermercados Extra para a rede atacadista Assaí em uma transação estimada em R$ 5,2 bilhões, informaram as empresas na noite de quinta. A transação marca o recuo estratégico do grupo varejista do segmento de hipermercados, negócio que perde receita há vários anos particularmente nas grandes cidades. O Assaí devera pagar R$ 4 bilhões ao GPA de forma parcelada, entre dezembro de 2021 e janeiro de 2024, pelas unidades dos hipermercados. Paralelamente, o GPA fechou também a venda de 17 imóveis próprios de alguns dos hipermercados para um fundo de investimento por R$ 1,2 bilhão. O Assaí concordou em alugar os imóveis do fundo por um prazo de 20 anos, renováveis pelo mesmo período. O GPA e o Assaí são controlados pelo grupo varejista francês Casino.
  • Apesar de o consumo nos supermercados do Brasil estar no menor nível desde janeiro de 2020, a demanda menor não tem impedido que os preços de alimentos e produtos de higiene e limpeza continuem subindo. A lista com os 35 itens mais consumidos nos supermercados brasileiros alcançou o preço médio de R$ 675,73 em agosto, valor mais de 1% acima do registrado em julho deste ano. Diante desses dados, fizemos uma lista com os 10 lugares mais caros para ir ao supermercado no Brasil.
  • O jovem herdeiro de uma famosa dinastia do setor de petróleo no Texas e um colega de faculdade levantaram US$ 125 milhões para uma empresa de cheque em branco com foco na América Latina. A Rose Hill Acquisition Corp., fundada pelos ex-alunos da Universidade Cornell Albert G. Hill IV, de 23 anos, e Juan José Rosas, vendeu 12,5 milhões de units a US$ 10 cada em uma oferta pública inicial nos Estados Unidos, segundo informado pela empresa de aquisição de propósito específico, ou Spac na sigla em inglês, em comunicado na quarta-feira (13).
  • Uma guilda de Zurique fundada em 1336 com uma lista de integrantes que inclui membros da elite suíça está considerando a possibilidade de admitir mulheres. A Zunft zur Meisen, associação com um palácio barroco no coração do centro bancário da Suíça, pode decidir em sua reunião anual no próximo ano permitir que mulheres participem de seus eventos como convidadas, de acordo reportagem do Neue Zuercher Zeitung.
  • Os principais institutos de pesquisa da Alemanha reduziram significativamente a previsão de crescimento para 2021 para a maior economia da Europa, uma vez que os gargalos no abastecimento atrasaram a recuperação do país no próximo ano.

Destaques da Bloomberg Línea

Opinião Bloomberg

Frances Haugen, trouxe à luz uma coleção de documentos sobre os lados negativos do Facebook. Segundo seu depoimento ao Senado na semana passada, os registros internos mostram que os líderes da rede social “priorizaram os lucros astronômicos sobre as pessoas”. Sim, isso é verdade e não é nenhuma surpresa. O Facebook é uma companhia de capital aberto que busca maximizar os lucros para seus acionistas. Diante disso, o Facebook deveria parar de fingir que tem padrões elevados. Seria melhor se os críticos, funcionários e o fundador da empresa admitissem que o objetivo principal é o lucro.

Pra não ficar de fora

  • A América do Sul é um dos principais mercados do futebol e contribui com grande participação na exportação de jogadores, sendo o Brasil o número um do mundo, com 1.600 em 2019, a Argentina em terceiro e a Colômbia em oitavo, segundo The CIES Football Observatory.
  • Por outro lado, em 2019, segundo dados do portal especializado Statista, a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) teve receitas operacionais de mais de US$ 488 milhões, enquanto em 2020 foram de US$ 330 milhões, resultado do cancelamento de eventos importantes, como a Copa América, na Colômbia e a Argentina - finalmente realizada no Brasil este ano - além da falta de público nos estádios.
  • Nos últimos tempos, o Brasil tem se posicionado como um mercado sólido em termos de investimentos no ramo do futebol, e no último ano surpreendeu com várias repatriações de jogadores brasileiros do mercado europeu.
  • Dois clubes brasileiros foram classificados como os mais valiosos da América Latina em 2020, acima de times que tradicionalmente fazem investimentos milionários em países como Argentina e México.
  • Em 2020, o Corinthians se classificou como o clube mais valioso da região com mais de US$ 582 milhões, enquanto o Palmeiras, campeão da última Copa Libertadores e finalista da atual edição, ficou em segundo lugar, com US$ 525 milhões.
  • A seleção sul-americana mais cara é o Brasil, com 805 milhões de euros e seu jogador mais valioso, de longe, é a estrela do Paris Saint Germain, Neymar, avaliado em 100 milhões de euros.
  • A equipe mais valiosa do mundo hoje é a Inglaterra (1.140 milhões de euros), seguida da França (974,80 milhões de euros), atual campeã mundial na Copa da Rússia em 2018, e da Alemanha (898,50 milhões de euros).